quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo IX)

O Time do Povo
Por Filipe Martins Gonçalves

Já foi dito que 1915 foi o ano da rasteira. Exaustivamente repetimos aqui, pois é mais que importante que se entenda; o ano de 1915 é crucial na vida do Corinthians. Um golpe elitista dos anticorintianos havia posto à margem o Clube do Povo.
Também já foi dito que o acontecimento do referido ano sacramenta a própria Mística Corinthiana, pois o Corinthianismo é algo palpável, um fenômeno que se pode observar e estudar. Os detratores torcem o nariz, mas o que ocorre em 1915 deixa abismado todos aqueles que queriam ver extinto o esforço popular de se construir um Clube a partir das próprias forças.
Não fossem os Corinthianos desse sofrido e glorioso ano de 1915, o Corinthians Paulista já estaria reduzido a pó, como queria a anticorintianada. Pois o Corinthians trazia consigo a popularidade que nenhum clube jamais conseguiu por si só.
E, como gigantesco que sempre foi, nesse ano não apenas sobreviveu como se fortaleceu e aprendeu a dura lição da vida que os humildes têm de compreender.

Quando Magnani, que levou o Clube das Várzeas ao Futebol “oficial”, entrega ao seu sucessor o cargo de Presidente, em 30 de setembro de 1914, muita coisa já havia acontecido ao Clube do Povo. Notáveis glórias já havia vivido o Povo Corinthiano. Assim, antes mesmo de se compreender as razões que tornaram o ano de 1915 o mais marcante dos primórdios da História Corinthiana, e por isso mesmo foi o ano que moldou a Mística, é preciso compreender o que de muito importante aconteceu em 1914, além da primeira conquista invicta do Campeonato Paulista.

Em 15 de agosto de 1914 aconteceu a estréia do Corinthians Paulista em jogos internacionais. E é bom frisar que esta cidade era tão povoada por imigrantes italianos que o tão conhecido, atualmente, sotaque da Móoca era o dialeto comum a qualquer bairro, ladeira e esquina desta que se tornaria a cidade de todos os Povos, assim como o Clube que melhor a representa. E já a representava.

Para tanto, devemos dar a palavra ao próprio treinador e diretor do Torino, clube que aqui veio mostrar a pujança do futebol italiano. Disse o signore Vittorio Pozzo, ao giornale daquela città, o Sport del Popolo;

“O Corinthians é uma esquadra formidável em todas as suas linhas. Os italianos ou filhos de italianos e todos eles são, individualmente, de categoria superior à média dos jogadores que atuam na Italia. Os backs são fortes e seguros, os halves são trabalhadores incansáveis, os atacantes são velozes e apresentam ótimo entendimento.
Nos dois jogos que fizemos com o Corinthians somente conseguimos sair vencedores depois de uma luta extenuante. O Corinthians é um team de classe, que poderia enfrentar qualquer esquadrão da Europa”.

Isso, claro, tomando como preceito que a Europa tivesse os melhores esquadrões do mundo, e não citando as grandes esquadras sulamericanas.
Mas, sobretudo, frisando que nas duas oportunidades, conforme são relatadas as partidas, o Corinthians sofreu com os árbitros.

O Torino era, então, o clube que viria levantar o moral do povo italiano em terras estrangeiras. E antes de enfrentar o Campeão Paulista invicto, enfrentou o Internacional, que goleou por 6 a 0. Depois, enfrentou a seleção da Liga Paulista, impondo um 5 a 1. A terceira foi a primeira disputa contra o Corinthians, cujo árbitro foi o italiano Minoli, grande amigo de Vicente Ragogneti. O resultado foi a derrota Corinthiana, com direito a gol impedido ignorado. Mas como se vê, o próprio diretor do Torino sabia o que estava dizendo. O duríssimo 0 a 1 para o Torino se transformou em 0 a 3, com um pênalti também mal assinalado.

Quatro dias depois, o amigo do árbitro, Ragogneti, editor do tablóide “Fanfulla”, que tinha como característica atacar gratuitamente o Corinthians por conta de sua natural miscigenação e ojeriza ao que mais prezava seu editor, que era a exclusividade pela colônia italiana, convocava os italianos e ítalo-brasileiros à fundação da Società Palestra Italia, que viria a acontecer no ‘chiquérrimo’ salão Alhambra, com estatuto que pretendia, além do Futebol, dar ao clube um caráter de sociedade “filodramática e dançante”. É de se notar que no primeiro time que entrou em campo com aquela camisa, havia cinco Corinthianos, deste Timão que enfrentara o Torino. Mas isto é outro papo.

Depois disto, a seleção da Liga Paulista pede revanche. E toma nova goleada, desta vez mais acachapante; 7 a 1.
E o que faz o Corinthians? Ora, pede sua desforra também. O Torino não pode se negar. E o jogo terminaria empatado…
Sebastião faz a defesa parcial de uma bicuda de Debernardi. A bola sobe ao travessão (ainda quadrado – as traves redondas não existiam…) e volta ao chão. Sebastião agarra. Chuta pra frente. O Povo urra de alegria. Mas o árbitro, Charles Miller, via o que ninguém viu. Nem mesmo os italianos do Torino. Trila o apito, aponta ao centro do campo, valida o gol inusitado, sequer imaginado ou visto. Isso tudo nos minutos finais da partida…
Mesmo assim os Corinthianos saem louvados pela multidão que os carrega nos ombros, naquele Velódromo que hoje é a Praça Roosevelt, no começo da Rua da Consolação.
Os heróis Corinthianos: Sebastião, Fúlvio e Casemiro Gonzales; Police, Bianco e César; Américo, Peres, Amílcar, Aparício e Neco.

Em 30 de setembro de 1914, Alexandre Magnani entrega o cargo de Presidente a Ricardo de Oliveira, em uma sessão festiva. Novos associados, de nacionalidades distintas, de origens múltiplas, naquele dia integravam o Clube do Povo.
Magnani discursa. Sente muito “deixar a presidência de um clube que viu nascer, que viu galgar os degraus da glória e que hoje representa uma das mais poderosas agremiações esportivas paulistas. A diretoria que deixa seu cargo, caros consócios, faz os mais ardentes votos de que reine sempre entre vós a mais pura cordialidade e coleguismo. Que os novos e nobres diretores, cheios de entusiasmo pelas lutas esportivas, nunca venham a desanimar. Que a disciplina social, a obediência aos estatutos e aos regulamentos, a deferência para com aqueles que vós mesmos escolhestes para dirigir a sorte de nosso clube sejam sempre escrupulosamente observadas, em prol do prestígio do nosso clube. O segredo da força de uma coletividade é constituído pelo respeito às leis que a governam. A directoria que deixa seus cargos tem absoluta certeza de que seus sucessores, por longa série de anos, acompanharão e guiarão o Corinthians em um caminho cada vez mais Glorioso”.

Ricardo Oliveira retribui as palavras de Magnani, em seu breve discurso de posse, agradecendo a “Magnani, verdadeiro apóstolo Corinthiano, a quem o clube deve a sua organização, a sua força e a sua glória”.

Não são palavras à toa. Magnani foi isso tudo, justamente. E se breve foi seu discurso, breve foi a contenda que Oliveira abraçou. De início já sentiu na própria pele que dirigir o Corinthians Paulista era “comandar um barco de emoções num oceano de paixão”, como definiu Lourenço Diaféria.
A sede precisou ser transferida, sem consulta prévia. E isso lhe rendeu ataques inglórios por parte de associados tão vigilantes quanto incisivos.
O Corinthians, internamente, mais parecia um vulcão em erupção. Duas correntes se formavam; a dos que viam o Clube como sendo o modesto Clube do Bom Retiro, que ali deveria continuar, e a corrente daqueles que queriam galgar os primeiros sonhos, sonhados sob a fulgurante luz do Cometa, em maio de 1910.
Venceu a segunda corrente, e antes que 1915 viesse, o contato com a Associação Paulista já estava travado. A desfiliação para com a Liga já estava em andamento. E, aproveitando esse vulcão, a anticorintianada tratou de promover aquele que seria o derradeiro golpe naquele “clubinho” atrevido. O que acontece em 1915 pode ser visto nos capítulos anteriores.

Em 29 de janeiro de 1915, por conta do rigor da fiscalização daqueles que o presidente Oliveira chamara de “caluniadores”, fez-se nova eleição.
Oliveira, porém, foi reeleito, “pela sua competência, esforço e modéstia na direção do Corinthians”.
Existe uma versão da história que atribui a estas rixas internas o fortalecimento de agremiações adversárias. Mas o fato é que o Corinthians aprendeu, na marra, a usar o veneno das crises como antídoto, e assim se fortalecia. O ano de 1915 é a prova mais que cabal disso.

Na noite de 1º de setembro de 1915 o Corinthians Paulista completava seus cinco anos de idade. Deveria ter sido uma Festa, como estavam acostumados a promover, com rojões no céu, cerveja aos associados, mas o que se via era um clube escanteado pelos figurões elitistas, que não tinha muito como fazer festa nenhuma. Imaginavam que o Corinthians Paulista sucumbiria, pelo desânimo, pela falta de oportunidades. Qual o quê!
Havia excursionado pelo interior, enfrentado todos os times da Associação, mantendo sua escrita de Timão invictamente. Ainda assim, naquela noite de aniversário, nem tudo eram flores. Naquela assembléia, que teria o ar festivo, o que se viu foi cobranças, “em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão”.
Oliveira tenta explicar onde havia ido parar as rendas das partidas, que viraram fumaça. Não havia caixa algum! O Corinthians, financeiramente, estava no rumo da falência…
Um empréstimo havia sido feito, sem consulta ao quadro associativo! Para piorar a situação, os móveis do Clube foram dados como garantia…
Associados que reclamavam de Oliveira eram atacados por serem faltosos, por serem inadimplentes. O caldo engrossava. Na noite do aniversário de cinco anos, o Corinthians fazia jus ao vulcão em erupção que sempre foi. Tudo se complicava.
Oliveira termina por pedir demissão. Seu vice, João Batista Maurício, assume a presidência. Os ânimos se acalmam.

Nesta oportunidade, o associado Galliano recorda a todos que, fazia cinco anos, aquele grupo de operários se punha a fundar o Clube. Um grupo bem menor do que aquele que se digladiava no dia do quinto aniversário, reunidos como que circunstancialmente, sem festejo, sem comemoração. Que o Corinthians merecia.
Sim, atravessava dificuldades, todos sabiam. Não havia nenhum dinheiro para comemorar coisa alguma! É assim que vem a proposta; “Que todos os associados presentes dêem um voto de louvor a todos os associados, inclusive aos ausentes, aos que não puderam comparecer à assembléia, a todos os jogadores e fundadores, e que esse voto fique registrado no livro de atas, para que um dia, se alguém se lembrar de ler este livro, fique sabendo o que tinha acontecido naquela noite de setembro, no 5º Aniversário do Sport Club Corinthians Paulista!“.

Todos se levantaram, aplaudiram, aprovando a proposta por unanimidade.
E por alguns momentos, aquela noite pareceu ter sido de Festa e confraternização.

E a História continua…

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sobre os reforços

Visando o ano do Centenário e a conquista da Libertadores, a diretoria do Timão começou o trabalho e entre as muitas especulações feitas quatro reforços já foram confirmados. São eles:

Roberto Carlos


A conversa começou há bastante tempo e a porcada e as sardinhas também tentaram a contratação.
Depois de muito disse me disse, de confirma daqui e nega dali, agora é oficial.
A imagem ao lado é do site oficial do Corinthians e confirma a contratação do craque da lateral esquerda que será apresentado no dia 4 de janeiro e levará a camisa 6. Que ela possa nos dar tantas alegrias como nos deu quando era de Cristian e também como a 9 de Ronaldo nos deu esse ano.

Tcheco



Outro jogador com bastante experiência. Já jogou Libertadores e rende muito sob o comando de Mano Menezes.
Só saiu do Grêmio por ter um certo desgaste devido a sua longa passagem pelo clube, mas deixa saudades, segundo toda a torcida do tricolor gaúcho.
Na minha opinião, um dos poucos nomes capazes de fazer a função que era do Douglas e retomar o esquema de jogo do primeiro semestre de 2009.

Yarley


Responsável por um dos poucos triunfos Brasileiros dentro de La Bombonera quando jogava pelo Paysandu, foi contratado pelo Boca Juniors e por lá conquistou uma Libertadores e sagrou-se, possivelmente, o único brasileiro querido em um time argentino.
Mais tarde no Inter, foi bi da Liberta e campeão mundial vencendo o Barcelona na final.
A exemplo dos outros dois reforços citados, tem mais de 30 anos, o que pode causar em você um sentimento de desconfiança, agravado pelas piadinhas da imprensa.
Quanto a isso, pare e pense, olhe a última temporada dos 3 e perceba que além de ainda jogarem o fino da bola, nenhum deles, apesar da idade sofre com lesões constantes ou qualquer fator que indique falta de preparo físico.

Ralf



O único reforço já apresentado também é o mais jovem, com 25 anos e jogou a última temporada pelo Barueri.
Considerado o jogador mais regular da equipe e com ótima média de desarmes vem com a responsabilidade de preencher a lacuna deixada por Cristian, primeiro volante bom de marcação e com saída de jogo.
Disputará a vaga com Marcelo Mattos que ainda não demonstrou o bom futebol de 2005 e terminou o ano lesionado.

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo VIII)

“Per Aspera Ad Astra”
Por Filipe Martins Gonçalves

Nos capítulos anteriores esboçamos um resgate do que foi o Corinthians em sua infância, quando era ainda o Clube de Várzea que nascera predestinado a devolver ao Povo o Futebol.
No segundo capítulo, temos uma espécie de bússola, que sempre será retomada como agora. A História, ao menos em campo – e um pouco fora de campo, também – tem de ser amarrada com o laço forte que são os Capitães e Presidentes que passaram pelo Corinthians nestes primeiros cinco anos.
É natural, então, que principiemos a discorrer sobre o primeiro Presidente Miguel Bataglia, operário que havia se tornado alfaiate com seu próprio esforço e mantinha sua alfaiataria naquele Bom Retiro. Miguel era amigo de Alexandre Magnani, o cocheiro, que era amigo de Antonio Pereira, o pintor de paredes que trabalhava no escritório de Ramos de Azevedo. Além de todo o esforço da rapaziada na construção obstinada do Clube do Povo, nada aconteceria de fato se estas três figuras não fizessem tudo acontecer, de certa maneira.

E foi sob o teto da barbearia do irmão de Miguel, Salvador Bataglia, onde o Clube que teve como primeira sede o céu estrelado iluminado pelo rastro do Cometa nasceu definitivamente.
Mas Miguel entregou a Alexandre o comando do Clube, com menos de dois meses de vida. E é Alexandre quem leva adiante a empreitada como se fosse sua própria vida.
O Corinthians, durante muito tempo, foi um Clube sem placa na porta. “Clubinho”, diziam os detratores do Povo – e ainda dizem coisas semelhantes, imaginando que o Gigante que cresceu por conta própria, no apoio de seu Povo, possa ser “diminuído”. Mas é um Timão em campo, desde os primeiros quadros.
O primeiro Capitão do primeiro quadro do Timão foi Rafael Perrone. Um dos cinco operários que idealizaram e fizeram acontecer o Corinthians, com o trabalho incessante dia após dia, como formigas, para que o Clube do Povo acontecesse como aconteceu.
Perrone era Capitão no tempo em que ser Capitão significava muito; ele escalava, convocava, distribuía as camisas, encaminhava os uniformes para a lavadeira (falávamos dessa importantíssima figura anteriormente) e, sobretudo, tinha que ter trânsito na diretoria e no quadro associativo. Ainda mais no Corinthians, onde a Torcida sempre exigiu ser escalada.

Nos anos de 1910 e 1911, Perrone transformou o Corinthians no Galo Brigador das Várzeas. Fez excursões pelo interior e moldou o Espírito e a Mística Corinthiana dos primeiríssimos tempos.
Naquela época a figura do Capitão era um pouco mais do que a figura do técnico atual, mesmo que um Capitão como Perrone não detivesse participação financeira em passe de jogadores que ele mesmo escalava e insistia em escalar, primeiro por não existir nada disso ainda, e depois que a Torcida não deixaria uma presepada dessa acontecer de jeito nenhum.
O Capitão era querido pela Torcida e representava a Torcida diante de seus Guerreiros em Campo. E, sobretudo, ele mesmo jogava. Perrone era zagueiro direito e ajudou a alimentar a Raça Corinthiana nos primórdios.
Casemiro Gonzales, já então considerado uma liderança inquestionável, substituiu Perrone no comando do primeiro quadro, em 1912. Foi ele quem estruturou o Corinthians que conquistou sua posição de direito no Futebol oficial, quando ganhou o Diploma de time Varzeano que quebrou o tabu.
Foi ele o Capitão do Timão que devolveu o Futebol ao Povo. E quando tudo parecia ir por água abaixo, no campeonato de 1913, é dele a iniciativa de colocar aquela molecada do segundo quadro, o Neco e o Amílcar, para jogar. Decisão mais que acertada, como dizíamos, e o Coringão ficou alguns anos sem saber o que era derrota.

No ano da rasteira, 1915, é Amílcar quem segura a bronca e mantém o pessoal unido ao Corinthians, além de manter invicto o Timão.
É ele também quem suporta acesa a chama desse Amor eterno, para ser Campeão Invicto no ano seguinte, completando o primeiro Tri-Campeonato, não de fato mas de direito, como foi contado nos capítulos anteriores. Amílcar seguiria como Capitão até 1920, quando passou o posto a Guido Giacomelli, que posteriormente também seria Presidente e sobre quem ainda nos fartaremos de falar por estas linhas nos próximos capítulos.
No segundo quadro esteve como Capitão Anselmo Correa, goleiro, outro dos Cinco Primeiros. E o “causo” que nos enveredaremos aqui neste capítulo diz respeito a esse Corinthiano ilustre.
Anselmo Correia foi um dos jovens a ter a idéia da Fundação do Clube do Povo. Quando o Clube aconteceu, agregando o Povo no entorno e para além, todos os pontos de vista passaram a coincidir em um só objetivo: o Bem do Corinthians, ainda que ninguém concordasse com ninguém.
Ah, quem não tem muito amor e bom humor, que vá torcer para outro clube.
Quem não quer investir a própria Vida, e colocar seu corpo e sua alma sob a Bandeira Gloriosa do Povo, que nem chegue cá.
O comportamento, portanto, era único: se nem todos podiam participar das reuniões e assembléias, nenhum faltava à convocação dos Capitães e todos faziam das tripas coração para dar sua contribuição em mão-de-obra ou em dinheiro.

“O Jogador do Corinthians não joga para um simples time. O Jogador Corinthiano joga pela Honra do Corinthians!”, foi uma frase dita e que ficou famosa nesta época. E isso sempre se aplicou a todo Corinthiano.
Mas Anselmo, em uma reunião em 21 de maio de 1913, perdia a paciência.
Reputava como gravíssimo o assunto o qual dava sua queixa. Tratava-se de uma verdadeira ofensa pessoal. Ele havia perdido o lugar no gol do segundo quadro!
Justo ele, que havia tomado sereno organizando o Clube sob a Luz do Cometa e dos lampiões do Bom Retiro, que fora um dos Capitães nos primeiros treinos da vida do Clube do Povo, ali no Campo do Lenheiro. Que ele próprio havia ajudado, e muito, a transformar em cancha para o Futebol! Ele que participara de todos os rateios até então, que estava com todos os recibos religiosamente em dia, justo com ele haviam feito tamanha… sacanagem!

Anselmo pedira a palavra naquela Histórica Reunião da Diretoria, e soltou a bomba.
“Peço demissão¹ do Corinthians!”
O brilho furtivo de uma lágrima de teimosia fugia no bico dos olhos. Na sala, o silêncio só era quebrado pelo bater das asas da mariposa peluda.
A reunião estava no fim, a declaração foi uma surpresa, inesperada. De calça curta, portanto, se viu Alexandre Magnani, o Presidente.
Ora, Anselmo não era sócio comum; era um Benemérito, um Fundador, um dos Cinco Primeiros!
Magnani, o cocheiro de tílburi, amigo de Bataglia que com ele trançara os pauzinhos para que o Clube do Povo transcendesse o simples sonho de verão e que havia sido recentemente re-eleito, tinha que contornar a questão.
Anselmo era esquentado, Alexandre sabia disso. Não engoliria aquela de ser afastado do gol.
Mas sabia também que o afastamento tinha razão de ser e que, do outro lado, os que o afastaram estariam dizendo que o Corinthians não acabaria por causa daquele “goleirinho”…

E durante aquele burburinho de surpresa, disse Magnani:
“Demissão de Sócio Benemérito, de Fundador, não pode ser tratada assim sem mais nem menos, em reunião de diretoria. É assunto grande demais. É assunto para Assembléia Geral decidir”.
Na Assembléia Geral de 11 de julho de 1913 foi que a questão voltava à tona. Os associados Luiz Fabi e Francisco Police cutucavam a ferida.
“Como é que havia ficado a situação do demissionário?”
O Presidente tornava a dizer que não cabia à Diretoria do Clube conceder demissão a um Sócio Benemérito, e que talvez por grande parte dos presentes àquela reunião já terem saído da sala, não tivessem ouvido. Os dois retrucam, dizem que a demissão havia sido concedida. O Presidente discorda, afinal dois meses se passaram, e Anselmo ainda freqüentava a sede do Clube todos os dias…
“Vamos fazer o seguinte”, sugeriu Magnani, com o tato de um diplomata que a experiência da vida lhe ensinara, “nosso caro associado Anselmo está presente e vamos dar a palavra a ele. E ele decide se mantém o pedido de demissão…”

Anselmo Correia respirou fundo antes de começar a falar. Ainda estava magoado com aquela dura injustiça. Quantas bolas não fora buscar no ângulo?, quantas vezes não esfolara o joelho, o cotovelo, a mão, a cara, naquelas piçarras do campo?, quanto suor não oferecera ao Corinthians? Sim, ele estava amargurado.
Mesmo assim disse:
“Retiro meu pedido de demissão! Estava exaltado, não me conformo de ter sido afastado do gol. Fui injustiçado, não mudei de idéia quanto a isso… Mas nem por isso vou abandonar o barco. Peço que desconsiderem meu pedido de demissão. Estava com a cabeça quente…”
O pedido de Anselmo Correia foi não apenas aprovado como recebido com aplausos e abraços. Magnani sorria. Sua tranqüilidade de Presidente dera resultado. E o ex-goleiro insistia, entre um abraço e outro:
“Eu só queria saber porque me tiraram do gol, pô!”

A explicação quem dá é a própra Ata, lavrada por Casimiro do Amaral, o Diretor Esportivo do Corinthians. A seguir, grafada como no original.
“Que tendo entrado, na qualidade de sócio, um goal keeper muito superior ao snr. Anselmo Corrêa, a comissão não tinha hesitado na escolha. E julga que tal decisão estava a contento de todos os jogadores do 2º team e era uma medida também justíssima, porque sócio é o snr. Anselmo e sócio é o snr. Sebastião. Pede, entretanto, aos presentes para julgar o assunto. O snr. Presidente põe em discussão a matéria. A discussão torna-se violenta porque o snr. Anselmo não quer ceder e persiste em sua reclamação. O snr. Presidente impõe silêncio. Acalmados os ânimos, põe em votação a proposta (…)”

Anselmo perdia a parada. Perdia seu lugar no gol do segundo quadro.
Não havia protecionismos. Não havia privilégios. Jogava o melhor. Assim era no Corinthians. O Capitão mandou, que seja cumprida sua ordem.
Sebastião logo passaria ao primeiro quadro e seria Campeão Invicto em 1914, em 1915 seria Campeão dos Campeões “extra-oficialmente”, e novamente Campeão Invicto em 1916.
E Anselmo Correia nunca mais na vida pediu, ou até mesmo aventou a possibilidade de “sair” do Corinthians. Isso era impossível.
Continuou sendo o associado vigilante, atento, e às vezes um crítico excessivamente áspero, de trato difícil.
Mas jamais lhe faltou o profundo amor ao Clube que era a razão de sua vida.

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OBS: Parte do conteúdo aqui exposto é inspirado no Capítulo XXXI, “Desde as primeiras atas, um clube forjado nas lutas”, da Obra “Coração Corinthiano” de Lourenço Diaféria.

¹ “Demissão” aqui é o mesmo que “desfiliação”, posto que o caráter “empregatício” do termo não poderia sequer ser cogitado.

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Atlético-MG X Corinthians: Onde tudo pode acontecer...



Muita chuva, dois gols de Souza e um gol de Bill. E assim termina 2009.
Que venha o centenário! Vai, Corinthians!

Veja os gols:

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sábado, 5 de dezembro de 2009

Pré Jogo: Atlético-MG X Corinthians



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ㅤㅤCampeonato Brasileiro 2009 - 38ª Rodada
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- Ficha Técnica:
Data: 05/12/09 (Sábado)
Horário: 19h30 (Horário Brasileiro de Verão)
Local: Estádio do Mineirão
Cidade: Belo Horizonte - MG

- Arbitragem:
Árbitro: Wagner Tardelli Azevedo (CE)
Auxiliar 1: Marco Antonio Martins (SC)
Auxiliar 2: Alcides Zawaski Pazetto (SC)

- Equipes prováveis:



ATLÉTICO-MG
Carini;
Coelho, Pedro Benítez, Werley, Júnior;
Jonílson, Correa, Márcio Araújo, Evandro;
Éder Luís, Diego Tardelli


Téc. Celso Roth






CORINTHIANS
Júlio César;
Balbuena, Diego, Renato, Dodô;
Jucilei, Boquita, Elias;
Matias Defederico, Jorge Henrique, Souza


Téc. Mano Menezes



- Atletas suspensos::
Paulo André, Felipe, Moradei e Chicão

- Campanha do Timão:
Colocação: 10º
Jogos: 37
Vitórias: 13
Empates: 10
Derrotas: 14
Aproveitamento: 44%

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A minha casa está onde está o meu coração.


Salve, Nação!
Há exatos 33 anos acontecia um dos episódios mais marcantes da história Corinthians, da história do futebol Brasileiro e da história da humanidade por se tratar do maior deslocamento de massa em tempos de paz: A invasão Corinthiana ao Maracanã.

No dia 5 de dezembro de 1976, depois de 22 anos sem títulos, a torcida mais linda do mundo transformou a Via Dutra na Avenida Corinthians e com 70.000 apaixonados dividiu o Maracanã com a torcida do Fluminense que disputava conosco uma das semifinais do Brasileiro daquele ano.

Tira de Ziraldo retratando a magnitude da invasão.

E assim, Fiel, o Rio de Janeiro foi tingido de preto e branco. Nas ruas, nas praias e até no Cristo Redentor tudo o que se via eram bandeiras e camisas do Todo Poderoso.

Mesmo depois de tanto sofrimento, mesmo depois de tanta espera, a paixão falou mais alto e ao entrar no Maracanã, o time do Fluminense, considerado até hoje um dos melhores esquetes já montados no futebol brasileiro, achou estar no campo errado e sucumbiu à pressão do bando de loucos, que ainda não carregava esse nome, mas já agia como tal.

Debaixo de forte chuva, com a bola custando a entrar, sofrido, como tudo que é Corinthians deve ser, Vaguinho bateu o escanteio, Geraldo escorou de cabeça e Ruço "Beijinho Doce", de meia bicicleta, garantiu o empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.


O resultado levou a disputa para os pênaltis e o nosso guarda meta Tobias, em partida inspirada, defendeu três cobranças e no final Zé Maria, o "Super Zé" converteu a última penalidade e colocou o Coringão na final do campeonato, premiando os 70.000 que vieram de São Paulo.


 Essa é uma história que não fala de conquistas, não fala de títulos, até porque viriámos a perder a final, mas fala de paixão. Fala de uma torcida que mesmo depois de mais de duas décadas sem campeonatos, fez o que nenhuma outra faria nem após uma sucessão de títulos. Essa história, entre tantas, mostra o que é Corinthians e o que é ser Corinthiano na sua essência, e é por isso que ela deve ser lembrada, comemorada e contada para que os novos Corinthianos cresçam sabendo que a nossa história é sim moldada em luta e sofrimento, mas que isso não a impede de ser uma das mais lindas do futebol Brasileiro e Mundial.

E como não poderia deixar de ser, veja e sinta a Invasão na voz inconfundível de Osmar Santos:

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fila por ingressos promete Morumbi cheio no domingo




Torcedores São Paulinos prometem casa cheia na última rodada.

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lateral Esquerda: Done!



Se você não concorda, não quer, não gosta, engula seco. Ele vem!
E já tem até data marcada: dia 20 de dezembro, Roberto Carlos se apresenta no Corinthians e RESOLVE o problema da nossa lateral esquerda.
Quem assistiu jogos do Fenerbache esse ano sabe que preparo físico não será um problema, pois segundo o próprio jogador ele está "um veneno". E na parte técnica ele continua sendo o melhor lateral esquerdo que eu já vi jogar.
Agora é esperar, Fiel, que a dupla com Ronaldo renda tudo que já rendeu num passado não tão distante e que possa nos encher de alegrias no centenário.
Continuamos aguardando Tcheco, Iarley, um zagueiro e um centro avante.

Vai, Corinthians!

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo VII)

 “Per Aspera Ad Astra”
Por Filipe Martins Gonçalves

No Capítulo passado, ficou a aresta de mostrarmos como foi que o Corinthians mudou os paradigmas do que se entendia por time de Futebol. Retomo, pois as palavras empregadas ali:

Importantíssimo, mesmo, é frisar que os jogadores da Várzea costumavam jogar por um time de manhã e por outro à tarde, sem qualquer problema, sem qualquer implicância de ninguém.
Foi o Corinthians, portanto, ao alcançar o Futebol “oficial”, que restringiu a atuação desses jogadores. E em um movimento natural, criou o amor à camisa. Mas isto ficará para o próximo capítulo, posto que temos como provar com fatos tudo isto que estamos a dizer“.

Irão dizer que nos outros clubes da época também jogava gente com forte ligação a determinada camisa, mas não é a esse nível que chegamos aqui. É inegável a dedicação, o respeito, o amor às camisas, tanto no futebol oficial quanto nas Várzeas.
No Corinthians é que foi diferente. Muito diferente. E é “só” a isto que dedicaremos este texto.
Os cinco primeiros anos de vida do Corinthians Paulista são cruciais para a formação da Mística Corinthiana, e o ano de 1915 é chave para se compreender o que é isso.
O Corinthians conquistou pela primeira vez uma taça em seu segundo Campeonato, de forma invicta, em 1914, como víamos. Mas na verdade, o Corinthians queria disputar com os “bem-nascidos” e ganhar. Quem se aventurar pelo que já foi dito nesta Saga verá que estes “bem-nascidos” estavam é fugindo dos clubes populares, menos por motivos classistas que pelo medo de tomarem surra em campo.
Corinthians e Paulistano, por exemplo, ajustavam seus times fazendo jogos-treino, sendo o primeiro de que se tem notícia em 1913. Eles sabiam do espaço que já deveria ter sido dado a esses clubes, principalmente ao seu maior representante e dissimulavam usando o poder político que tinham.
O Corinthians contava com a influência deste clube citado para a mais ousada empreitada. Na Associação, estavam os times contra os quais o Corinthians queria a disputa. E seus representantes sinalizaram uma vaga ao Corinthians, pois o Campeão Invicto da Liga agregaria valores não apenas ao Futebol, mas à bilheteria também.
No quadro associativo, houve muita discussão: alguns achavam que seria ousadia demais, outros sabiam que esse teria de ser o caminho. Então, o Corinthians decide aceitar e, antes de firmar com a Associação, se desvincula da Liga.
Achou que seu Diploma, prova do esforço valoroso, valente e real, pudesse ter feito a casta pôr as mãos na consciência.
Ocorre que a credencial do ótimo futebol não bastava. Ao contrário, os clubes da ‘elite’ não queriam ver seu poderio rivalizado com o desse… Povo.
Por isso impuseram as armadilhas típicas, e o Corinthians Paulista sempre tirou isso de letra. Como sempre, fazendo das tripas coração.
Pois o que de fato queria a Associação era relegar ao Corinthians uma série de amistosos ao longo do ano, “representando” a Associação. E não se poderia mais voltar atrás, o desligamento com a Liga era algo consumado, sacramentado.
Foi dos golpes mais duros na jovem vida daquele Clube modesto, com a cara e a coragem, que “não iria sobreviver mais que um inverno”…
Nesse contexto, vale a lembrança: o Corinthians é o único dos grandes clubes deste país a ter o Galo de Briga da Várzea, que nada tem a ver com outros galos por aí. Havia se despedido da Várzea, seu Berço Histórico, com um Diploma que concedeu o direito de participar do Futebol “oficial”. Mas teimavam em alijá-lo da disputa.
E o Corinthians, é claro, teimava ainda mais em lutar.
Assim, se o Corinthians existe e é esta gigantesca árvore cuja raiz é o Povo, é porque aquela jovem árvore resistiu ao temporal. Sua raiz não a deixou cair e nada é mais forte que a raiz do Corinthians!
Era para o Corinthians ter acabado e, para não acabar, teve de acontecer a criação do paradigma do Manto Sagrado. Nenhuma Camisa tem essa história.
O Corinthians não acabou, e isso aconteceu por causa do amor dos Guerreiros Corinthiano.
O Corinthians joga então os amistosos, e joga com seu Timão campeão invicto.
E mesmo com seus jogadores aceitando ser emprestados para alguns clubes¹ para que disputassem também o campeonato oficial, os Corinthianos deixaram claro que estavam apenas sendo emprestados.
Note, portanto, aquilo que foi dito no capítulo anterior. Neco, neste ano, disputou partidas pelo Botafogo, pelo Mackenzie e pelo Corinthians, um fôlego que hoje em dia não se vê. Talvez pelo Futebol atual seria muito mais desperdício de energia que antigamente, e pela ótica daquela época é inútil imaginar um jogador aplicado nos moldes de hoje. Mas isso é outro papo.
Retirado por motivos obscuros da disputa oficial, o Corinthians viu seus Guerreiros não o abandonarem, tanto os de dentro de campo quanto os de fora.
Durante essa série de amistosos com os clubes da Associação (inclusive a seleção da Associação), o Corinthians, jogando com seu time Campeão Invicto da Liga em 1914, venceu todas as disputas, exceto com o Paulistano, com o qual empatou em 1 a 1.
Depois que Neco e Amílcar chegaram ao primeiro quadro, no segundo turno do Campeonato de 1913, o Corinthians não perdeu mais.
Enquanto isso, a A.A.Palmeiras foi a campeã da Associação de forma invicta. Só perdeu de 3 a 1 para o Corinthians…
Os jogadores voltaram para o Corinthians para a disputa do ano seguinte², com duas pontuais exceções. Não é exagero dizer que tal fato não se daria em um clube comum nenhum.
Nasceu nesse ano, depois de tudo o que os Corinthianos passaram, um modo de proceder com o Manto que segue com o Corinthians como parte integrante da alma Corinthiana. Jogar pelo Corinthians passa a ser mais algo mais, muito mais, que jogar por Amor.
E isso tudo é muito importante frisar, para entendermos o que virá repetidamente e recorrentemente a acontecer, não só à História do Corinthians, mas à História do Futebol.
Na pré-temporada de 1916, aconteceu a disputa da Taça Beneficência Espanhola. Os organizadores planejaram uma peleja entre o Campeão da Liga, o Germânia (que em 1914 abandonara a disputa) e o Corinthians.
Resultado? 4 a 1 para o Coringão.
E quiseram que o Corinthians enfrentasse a A.A.Palmeiras, campeã da Liga. E o Corinthians faz 3 a 0.
O Corinthians era o Campeão dos Campeões, sem contestação.
Cabe reproduzir o texto de Thomaz Mazzoni³;

O Corinthians demonstrou, pois, que poderia ter sido Campeão de 1915 se tivesse disputado o campeonato. Mas a grande demonstração de valor do Corinthians não foi essa de vencer os adversários “apenas” e sim aquele amor de seus jogadores pela camisa e pelo nome do Clube. Aliás, era espírito dos clubes varzeanos da época. Os jogadores amavam seus clubes como às suas próprias Famílias! E o Corinthians foi o primeiro clube tipicamente varzeano a se tornar do futebol oficial (…) Pois bem, finda a temporada de 1915, o Corinthians desiludido com a APEA e não tendo certeza de disputar o campeonato de 1916, resolveu voltar para a Liga Paulista, onde foi outra vez campeão invicto

O Campeonato da Liga em 1916 era muito mais difícil.
Já estava presente o número de quatorze times, entre os quais o Ruggerone, o União da Lapa, times da Várzea velhos conhecidos do Corinthians Paulista, além do Americano e do Internacional, e do próprio Germânia.
E mais uma vez o Coringão, com seus Fiéis Guerreiros, levavam a Taça outra vez de forma invicta, inconteste.
É um Tri-Campeonato invicto, meteórico, fulminante, Revolucionário no Futebol.
Com apenas seis anos de vida, aquele que sempre esteve fadado a acabar, a tomar rasteiras e se levantar mais forte, tinha chegado à Glória de quebrar o tabu.
Os “oficiais” já deveriam ter entendido o que estava acontecendo: o futebol sofrera a maior de suas revoluções.
O Povo já o dominava por completo.
E a História continua…
 
¹ Amícar, Fúlvio, Aparício e Perez vão jogar no Ypiranga; Neco, Casimiro Gonzáles, César e Bianco, jogam no Mackenzie, e Police vai jogar no Scottish Wanderers
² Bianco, porém, foi para o Palestra; Perez ficou no Ypiranga.
³ No livro “Corinthians, suas histórias, suas glórias”, publicado pelo próprio Clube no final da década de 1960, herança de família deste que vos escreve.

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