Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Parte XIX)
O Time do Povo
Por Filipe Martins Gonçalves
Por Filipe Martins Gonçalves
Guido Giacomelli havia sido Presidente do Corinthians, e era ao mesmo tempo técnico do time, na época do primeiro (segundo!) Tri-Campeonato. E era o Diretor de Futebol quando Jaú, aturdido, veio lhe contar o que ocorrera.
Fazia ele, Jaú, sua fézinha na Casa Lotérica da Quinze de Novembro quando, de assalto, foi abordado por um senhor de chapéu verde e bochechas rosadas.
Era Rocco di Lorenzo, dirigente palestrino, a lhe oferecer a considerável quantia de 1 conto de réis. Assim, na lata.
Jaú não expressou surpresa. Não se intimidou tampouco se indignou.
Jaú era já rapaz vivido, e muito malandro botou a bufunfa no bolso e saiu, deixando o palestrino achando que estava na boa com aquilo tudo.
O palestrino queria que ele fizesse “corpo-mole”.
Que aliviasse para o próximo adversário, o que garantiria as coisas para o Palestra.
Guido ouvia o relato, indignado. Foi desse Coração Corinthianíssimo, de tanta dedicação e amor ao Clube do Povo, que brotou a indignação frente a esse arqui-rival.
Era o ano de 1932. O primeiro ano de Corinthians de Euclydes da Costa, apelidado Jahú por causa de sua impulsão. Era uma aeronave com boa autonomia de vôo para época, e muito famosa. O apelido ficou.
Neste ano a Revolução Constitucionalista foi iniciada e derrotada, um grande revés para a oligarquia paulista.
Que logo se reconciliou com aquilo que chamou de ditadura de Getúlio Vargas, antes da derrota. Mas isso é outro papo.
Guido levou Jaú à Associação Paulista de Esportes Athleticos. A tentativa de suborno do palestrino foi denunciada, e o palestrino foi suspenso de qualquer atividade administrativa nos esportes. O caso repercutiu por longo tempo, pelo país inteiro.
O campeonato de 32 foi o último campeonato amador da História do Futebol Paulista. Neste ano o Germânia encerra suas atividades no Futebol. Os orfãos do Internacional se juntam ao pessoal do Antárctica da Móoca, e criam o C.A.Paulista. O Futebol Paulista mudava, e o Corinthians acompanhava, sem perder sua veia Varzeana.
Em 1933 o Corinthians contrata o primeiro técnico profissional de sua História, o uruguaio Pedro Mazzulo. Passo necessário para essa reestruturação. A Diretoria, com Alfredo Schürig na Presidência, era muito boa. Alarico de Toledo Piza era o Vice, e seu irmão Wladimir era Secretário-Geral.
Durante a Presidência de Schürig foi quando o Corinthians, de fato, se tornou um clube poliesportivo. Com a crucial ajuda financeira deste Anjo-da-Guarda, o Corinthians teve estrutura para se profissionalizar no Futebol, e prosperar em sua vocação poliesportiva. O número de associados dobrou, e continuava aumentando. O Corinthians possuía atletas na natação, no remo, no basquete, no futebol, de todas as idades. E haviam os jogos de recreação, como a peteca, o tamboréu. O rio limpo e os jardins do Parque para passar o dia. O Corinthians tem sua Sede Grandiosa.
E, com tudo isso, o Corinthians atravessava a reestruturação do Futebol, uma crise que não parecia ter fim.
Conta-se que nessa época o Clube recebia telefonemas de inúmeros “olheiros” espalhados pelo Brasil todo. Ligavam espontaneamente, dizendo que havia um craque em sua cidade. E muitos chegavam ao Clube para a peneira, bancados pelos tais “olheiros”. Eram os Corinthianos de todos os cantos querendo arrumar o time…
Em crise, mas com sua Sede e sua História reconhecida no país todo, o Corinthians já era um clube nacional. O Campeão dos Campeões. E a multidão que o cercava havia se espalhado enormemente.
Mesmo que o time não fosse bem em campo, o Corinthians permanecia firme enquanto o próprio Futebol Paulista forjava suas crises.
E o próprio Corinthians convivia com as suas crises.
No final de 33, João Baptista Maurício assume a Presidência do Corinthians pela segunda vez, dezoito anos após a primeira. José Martins da Costa Junior assume alguns dias após a deposição de Baptista. A crise se prolonga. Em 1934, um dos maiores Presidentes da História do Corinthians assume: Manuel Correcher.
A História Continua…
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O blog é sobre o Corinthians e eu sou chato pra caralho.