Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Parte XXVI)
O Time do Povo
Por Filipe Martins Gonçalves
O Corinthians de 1953 sagrou-se mais uma vez Campeão do Torneio Rio-S.Paulo. Tratava-se da competição mais importante do Brasil até então.
E o Coringão tinha como técnico o senhor José Castelli. Um dos mais brilhantes técnicos que já passaram pelo Corinthians, foi o fantástico boleiro das décadas de 20 e 30. Honrou durante quatorze anos o Manto Sagrado do Clube do Povo e foi o maior driblador da sua época. Daí o apelido: "Rato".
Seus dribles são reconhecidos internacionalmente, e foi o primeiro a voltar daquele êxodo para a Itália, na década de 30.
Se Colombo é o ancestral de Tuffy, que é o ancestral de Gilmar, que é o ancestral de Ronaldo (e aqui cito o ídolo de nossa geração apenas para deixar claro o exemplo), assim como David (aquele centroavante da época varzeana) é ancestral de Baltazar, que é ancestral de Flávio e Viola, Rato foi o ancestral do Pequeno Polegar, ainda que o lado do campo se inverta nesta comparação.
Foi com Rato que Luizinho se aprimorou. Justamente nestes anos dourados Corinthianos.
Naquele Rio-S.Paulo, o Corinthians disputou nove jogos, venceu cinco, empatou dois e perdeu dois.
Foi marcante a goleada por 6 a 0 sobre o Rubro-Negro carioca, no Pacaembu.
Cabeção, goleiro formado pelo Clube, defendeu um pênalti no primeiro tempo, que significaria o empate. Mas Claudio foi de fato o Gerente naquele dia, fazendo três gols, e servindo Luizinho e Baltazar. Goiano, o aguerrido médio, também fez o seu. Essa vitória colocou o Corinthians na disputa com o Vasco, e por um ponto - a disputa era por pontos corridos - o Coringão foi Campeão, provando ser o melhor do Brasil.
Em julho de 53 o Corinthians disputou a Pequena Taça do Mundo, na Venezuela, que contava com um selecionado local, a Roma e o Barcelona, além do Todo-Poderoso Alvinegro.
Seis partidas foram disputadas, e o Corinthians venceu todas.
Em uma delas, inclusive, derrotando por 1 a 0 o famoso Barça, cujos jogadores eram selecionados pela Seleção Espanhola e por outras seleções na Europa. Ocorre que o adversário quis partir para a briga, paralisando o jogo por alguns minutos. Não adiantou nada. Essa grandiosa vitória levou moral ao Timão, que fez 3 a 1 sobre a Roma, e selou a conquista. Ninguém ganhava do Coringão, nem na marra.
O Corinthians é osso duro de roer!
Naquele ano subia ao time principal, por intermédio do grande técnico, o menino Rafael.
Carbone, o artilheiro espetacular, ponta de lança idolatrado, começava a dividir a Camisa com Rafael, que já se tornava o ídolo que foi.
E o Coringão só não foi tri-campeão Paulista pela quarta vez pois, além da Pequena Taça do Mundo, foi fazer brilhar seu Futebol pelos campos do mundo, em excursões que lhe tomaram tempo.
Ganhou, por todas estas excursões, a Faixa de Ouro do Futebol Brasileiro - a exemplo do Corinthian Football Club, o Embaixador do Esporte Bretão, o Clube do Povo foi ser Embaixador do Futebol Brasileiro, reconhecidamente o grande Timão.
O Timão reserva disputou os campeonatos locais, dando canja para os adversários. Foi nessas que Rato observou o menino Rafael - o mesmo faria com um outro menino na década seguinte, como técnico da base, mas isso é outra história.
Em 1954 o Coringão voltou com tudo, depois de uma excursão pela América do Sul.
pelo Rio-S.Paulo, venceu as seis primeiras partidas. Mas com duas fatídicas derrotas seguidas, quase o Bi-Campeonato ficou comprometido.
O Presidente Trindade mastigou seu charuto, e colocou Rato para cuidar exclusivamente da Base Corinthiana, por conta disso...
Chegou ao Parque São Jorge o glorioso Oswaldo Brandão. E chegou bem.
Em seu primeiro jogo, decisivo para o Torneio, com gol do Gerente Claudio, o Coringão venceu o Palmeiras no Pacaembu lotado, e a conquista do Bi do Torneio Rio-S.Paulo fez a cidade, e o Brasil todo, tremerem em Festa Alvinegra.
Três meses depois desta conquista, em pleno Paulistão, o Corinthians precisava zerar a diferença de pontos contra o então líder Palmeiras. E mais uma vez a Estrela do senhor Brandão brilhou mais forte.
Foi o jogo que precedeu a conquista do mais importante Campeonato Paulista de todos os tempos.
Uma virada (mais uma!) espetacular, perdendo por 2 a 0 e transformando em 3 a 2 pelos dribles do Pequeno Polegar, que marcou dois, e pela Cabeça de Ouro de Baltazar, que virou. O Corinthians, agora líder, terminaria aquele primeiro turno com vantagem de pontos sobre o grande rival.
No ano seguinte, em fevereiro de 55, o título seria decidido, novamente em um Dérbi.
"Deu dó ver o Palmeiras entrar em campo sem a camisa verde", disse Brandão naquele dia. O rival entrou naquela partida vestindo camisa azul...
E com o gol do Pequeno Polegar, a raça de Idário, o cérebro de Belangero, a técnica de Cláudio, e claro, a muralha no gol que foi Gilmar, o Corinthians lutou. Cedeu o empate no segundo tempo. Machucado, Idário dividia as bolas como se valesse a vida - e para ele de fato valia!
E Gilmar, goleirão que garantiu o empate, declara, resumindo a peleja:
"Seria uma decisão como outra qualquer, mas com a diferença de que essa valia o título do Centenário de São Paulo. O Corinthians tinha a vantagem do empate, mas encontrou um adversário difícil. O jogo foi duro e bastante disputado. Logo no início fizemos 1 a 0. Depois, o Palmeiras reagiu e empatou. A partir daí, seguramos o resultado e fomos campeões. Todos queriam esse título, pois quem ganhasse ficaria com a glória para os cem anos seguintes"
O Bi-Campeão do Rio-S.Paulo ainda seria condecorado com outra Taça, em 1955.
Era uma Taça diferente. Pelo voto do povo, o Concurso "O Clube Mais Querido do Brasil" foi vencido pelo Coringão.
A contagem foi um estrondo. Nada menos que 471.450 votos para o Clube cada vez mais do Povo.
Enquanto os adversários sequer chegaram perto deste montante, somando a todos. O Flamengo (apenas 155.300), e a dupla adversária da cidade (o rival e aquela outra), somariam apenas 366.950.
O Povo tem predileção, e desde sempre o "mais querido" é o Coringão.
A História continua...
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O blog é sobre o Corinthians e eu sou chato pra caralho.