Valeu, Doutor Sócrates!

Chega a ser engraçado como as nossas histórias têm sempre que ter um enredo com uma aura de sofrimento.
Já é parte do DNA Corinthiano conquistar tudo à duras penas, patrimônio ou títulos...

Quis o destino que hoje, dia 4 de dezembro de 2011, que nas nossas cabeças seria "apenas" o dia do penta, São Jorge levasse na garupa do seu cavalo um dos maiores ídolos que o Corinthians já teve.

Foi morar com Deus Sócrates Brasileiro Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira. O Doutor. O Magrão. Brasileiro de nome. Corinthiano de coração.

Dono de carreira singular por conciliar futebol e medicina, Sócrates começou no Botafogo de Ribeirão Preto, mas passou também por Corinthians, Fiorentina, Flamengo e Santos.

Em nenhum lugar se destacou e se sentiu em casa como no Corinthians. Contratado em 78 depois de brilhantes atuações pelo Botinha, jogou pelo Coringão 297 vezes e marcou 172 gols. Conquistou no Timão os Paulistas de 79, 82 e 83. Estes dois últimos já sob o regime da Democracia Corinthiana, movimento democrático que marcou época no Corinthians, ainda mais por acontecer em tempos de ditadura militar no Brasil.

A luta do Doutor por democracia não se limitou aos muros do Parque São Jorge. Durante o movimento das Diretas Já, subiu aos palcos e discursou a favor da emenda Dante de Oliveira, chegando a afirmar que não deixaria o Brasil caso a mesma fosse aprovada.

Com a não aprovação da emenda, foi para a Itália, onde se tornou ídolo da Fiorentina, mas permaneceu por apenas uma temporada.

Voltou ao Brasil como reforço do Flamengo, onde sofreu com contusões e só jogou por um ano sem se destacar. Depois de um tempo parado, voltou a convite do Santos, mas só fez algumas partidas antes de se aposentar definitivamente.

Encerrou sua carreira em um jogo festivo pelo Botinha, onde tudo começou.

Sócrates também jogou pela Seleção Brasileira as copas de 82 e 86, chegando a ser capitão da equipe canarinha, considerada por muitos a melhor de todos os tempos, mas que infelizmente não trouxe a copa em 82.

Fica para nós a saudade do gênio, dentro e fora dos campos. Entendedor profundo do Corinthianismo. Ídolo eterno da Fiel.

"O Corinthians não é só um time e uma torcida. É um estado de espírito."

Sócrates, 1954 - 2011

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