terça-feira, 24 de agosto de 2010

Palavra do Presidente

Salve, Nação!

Gostaria de registrar aqui uma entrevista do nosso presidente, não tão nova, mas muito interessante pelo bom humor demonstrado pelo Andrés e por algumas respostas sobre o futuro do Coringão.
Depois de muito falar de Copa do Mundo e troca de técnico da seleção, assuntos que não interessam mais hoje e que por esse motivo foram omitidos, a entrevista entrou numa fase mais descontraída.
A entrevista é um pouco extensa, mas vale muito a pena.

Carol Knoploch, 17/07/2010
Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez assegura que o Piritubão será o novo estádio de São Paulo para a abertura da Copa de 2014. Amigo do presidente Lula e de Ricardo Teixeira, nega ter pretensões na CBF. Diz que é o mesmo preguiçoso da época dos 15 anos, quando parou de estudar. Veja como foi a conversa de uma hora e meia entre seis cigarros.

Você é chorão e já vi entrevistas em que chorou ao falar sobre a queda e a subida do Corinthians da Série B. Você chorou com a eliminação do Brasil?

SANCHEZ: Chorei depois, no jantar. Todos diziam o que estavam sentindo, analisavam, desabafavam... Aí, sim, chorei. Vi pessoas consagradas chorando. Eu realmente choro muito. Não perdi nem pais, nem filhos. Por isso, a queda do Corinthians para a Segunda Divisão foi a maior desgraça da minha vida.

Para a Copa no Brasil, só resta a São Paulo construir o Piritubão?

SANCHEZ: Pergunta para o Kassabão (Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo).

Estou perguntando a você. Até porque o Corinthians poderia herdar o estádio, já que não tem um.

SANCHEZ: Não queremos ganhar estádio da Copa. Isso dá mídia, e por isso vocês (jornalistas) falam. O Corinthians vai tentar construir o seu.

Quando?

SANCHEZ: Não disse que já deu certo. Vamos tentar. E vamos aproveitar o momento da Copa. Há um clima favorável para isso, para colocar um estádio para 45 mil lugares de pé. Se não for na minha administração, na boa, não será nunca mais.

O que acha do Piritubão?

SANCHEZ: São Paulo não ficará sem a abertura da Copa do Mundo. Será o Piritubão. O poder público tem de se mexer para resolver essa questão. Inadmissível a cidade não ter a abertura. Quem vai fazer? Brasília? Brincadeira! O Rio? Eles já têm o encerramento e a Olimpíada. Está bom para os cariocas. E torço pelo Rio! Tomara que tudo isso ajude a mudar a cidade.

Viu o projeto?

SANCHEZ: É muito bom, uma coisa do futuro. Excelente. Daqui a quatro anos vocês vão ver!

Você acha que São Paulo quer um novo estádio?

SANCHEZ: Você conhece os parques Ibirapuera, da Aclimação e de Itaquera? Eu não vou ao Parque de Itaquera, mas vou ao estádio. Tenho o mesmo direito das pessoas que vão a parques. Pago imposto como eles. Por que a população iria contra? Vão gastar muito dinheiro? Pode até ser, mas se gasta dinheiro com muita merda que só 1% da população vai usar. A cidade necessita de uma arena moderna para o futebol, para shows... Na verdade, precisaria de pelo menos dois estádios decentes. Só temos um, a Arena Barueri, que é pequena.

E o Morumbi e o Parque Antártica?

SANCHEZ: O Morumbi está muito atrasado. E o Parque Antártica, o Belluzzo (Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras) que me perdoe, mas só vendo, viu. Será que conclui a reforma? O Corinthians fala há cem anos que vai construir um estádio.

E os estádios em outros estados?

SANCHEZ: Derruba tudo! Todos os estádios do país deveriam ser demolidos, para começar de novo, incluindo o Maracanã. Esse papo que o Pelé chutou assim ou assado é para europeu ver. Faz outro. Como fizeram na Inglaterra (Wembley). Em contrapartida, não acho que deveria ter estádio em Manaus.

Você tem planos para substituir o Ricardo Teixeira na CBF?

SANCHEZ: O Ricardo Teixeira fica na CBF até quando ele quiser. Já está há mais de 20 anos. Eu não quero arrumar confusão. Se bem que a vida na CBF é bem mais simples do que no Corinthians. Meu objetivo é acabar o meu mandato no Corinthians e sumir. Só não sumirei de vez porque sou conselheiro vitalício do clube.

Você é amigo do Lula ou diz que é amigo do Lula?

SANCHEZ: Sou amigo dele. Minha família era sindicalizada. Eu admiro o Lula como sindicalista. Depois que me tornei presidente do Corinthians nos falamos sempre. Quando ganha, nos falamos pouco. Quando perde, muito. Sem contar que ele nos corneta bastante.

Você quer ser político?

SANCHEZ: Não vou ser candidato a nada. Meu interesse no partido é social. E coloca isso bem grande para eu não mudar de ideia depois e ficar com vergonha.

Como foi a sua infância trabalhando como feirante?

SANCHEZ: Como toda família de imigrante, meus avós chegaram aqui com uma mão na frente e outra atrás. E começaram a mexer com frutas, no Ceasa. Meus pais compraram uma banca de feira, e meu tio tinha um box no Parque Dom Pedro. Às 3h, eu já começava a trabalhar, carregando e descarregando caminhão. Trabalhei dos 12 aos 22 anos. Os caçulas não pegavam no pesado, nem a minha irmã, porque é mulher. Eles estudaram, e eu não. Só tenho o ginásio. Eu vim de baixo.

Por que não estudou?

SANCHEZ: A verdade é que eu não gostava mesmo. Não repeti de ano, mas não tinha paciência. Hoje, o estudo me faz muita falta. Me esforço para falar e escrever certo. Por que não estudo hoje? Porque continuo com a mesma preguiça de quando tinha 15 anos.

Você tentou carreira como jogador. Por que não deu certo?

SANCHEZ: Joguei no Corinthians no Juvenil C. Sempre gostei de futebol. Até 1979 joguei no clube, treinava à tarde. Mas também faltava aos treinos, falava que tinha de trabalhar. E falava para o meu pai que não dava para trabalhar porque tinha de treinar. E assim eu ia indo. As pessoas falam que tiveram contusão séria e por isso não vingaram no futebol. O meu problema era o cigarro, a preguiça.

Você fuma quantos maços por dia?

SANCHEZ: Dois. Tem dias que são três ou quatro. Geralmente, quando tem jogo ou quando está uma crise danada (risos). E, como não ganhamos a Libertadores, continuo a fumar. Já fiz várias promessas, mas aquelas que se fazem com o dedo cruzado. Preciso parar de fumar! Tenho de ter é peito!

Verdade que você fechou contrato com o Ronaldo entre um cigarro e outro?

SANCHEZ: Foi num restaurante. Levantei-me da mesa e fui fumar no banheiro. Pedi para ele me acompanhar. Só acompanhar! Até porque ele não fuma (risos). Atletas não fumam, são atletas (risos). E perguntei o que queria para resolver a questão. Voltamos para a mesa com o Luis Paulo Rosenberg e o empresário dele, o Fabiano Farah. E o Ronaldo disse que era do Corinthians.

Você gosta de fazer piada e também faz estilo nervosinho, fala palavrão...

SANCHEZ: Sou nervoso pra caramba! Também sou ausente com relação aos meus filhos. Sempre fui um pouco, mas agora está demais. Este é o maior prejuízo da presidência. E palavrão falo mesmo. Até para as mulheres. Elas gostam.

Ser corintiano foi herança dos pais?

SANCHEZ: Meus pais são corintianos, e eu sou sócio do clube desde 1969. Mas acho que ser corintiano é inexplicável. Os dois times que existem no Brasil são o Corinthians e o Flamengo, nesta ordem. Os dois são nações. Uma vez, encontrei um corintiano cego em um jogo no Pacaembu, e perguntei o que ele fazia lá. O cara não estava vendo o jogo. Ele disse que corintiano não precisa ver nada. Tem de sentir. No primeiro jogo depois da derrota dramática para o Flamengo na Libertadores, havia mais de 30 mil pessoas no estádio. Bombou a venda de camisas. É real esse papo de que corintiano gosta de sofrer. É um brasileiro típico.

E seus filhos? Sua ex-mulher torce para o São Paulo ou Palmeiras?

SANCHEZ: Claro que meus filhos são corintianos. Pelo amor de Deus! Sou um cara democrático! (risos). A mãe deles, olha que curioso... Mulheres... Um dos motivos da nossa relação ter ido por água abaixo foi o Corinthians. Eu viajava muito, não tinha final de semana. E ela odiava. Há nove anos nos separamos, e adivinha? Ela vai aos jogos e às festas do Corinthians.

Você é mulherengo?

SANCHEZ: Tenho fama, mas não sou... Sou tímido. Quando dou entrevista na televisão, minhas mãos ficam suando. Mas ninguém sabe.

Já foi traído?

SANCHEZ: Já fui chifrado várias vezes. (sem graça). O homem fica com outra porque é carnal. Não tem envolvimento. Mas quando a mulher chifra, meu amigo, é porque a coisa está feia. Hoje sou um cara sozinho...

Namorou a Rosane Collor de Melo?

SANCHEZ: (risos) Fiquei com ela. Não namorei. Somos grandes amigos.

Seus amigos querem lhe arrumar namorada...

SANCHEZ: Sou bom partido... Uma boa pessoa, não é só o dinheiro. Veja o Bruno. Ele tem dinheiro e olha a merda que fez. Talvez eu tenha mais do que mereço. Mas uma coisa é certa: enquanto eu estiver nesta presidência, linda, não terei namorada alguma. Quem vai querer me namorar?

Você é rico ou milionário?

SANCHEZ: Por quê? Você quer se casar comigo? Ou é da Receita Federal? Sou rico, não milionário. Nem casa eu tenho. Moro de aluguel, é uma opção. Ganho mais com o dinheiro aplicado. Para que gastar R$ 1 milhão para comprar uma casa? Com o rendimento, pago aluguel e ainda sobra.

Sua família tem uma empresa de embalagens com mais de 40 distribuidores no Brasil.

SANCHEZ: É a Sol, empresa que surgiu dentro do box de frutas. São mais de 2.800 funcionários, mas não falo sobre faturamento. Até porque saí de lá há um ano.

Você se dá ao luxo de fazer o quê?

SANCHEZ: Corinthians, Corinthians e Corinthians. Além disso, gosto de pagode no sábado à tarde no bar Samba. Sou humilde. Também vou ao restaurante Eco e nos barzinhos Santa Aldeia, Cortez e Piratininga. Viajo bastante, e meus filhos vivem bem. Não quero sítio, casa na praia... Se eu quiser ir para a praia, eu alugo. Quer ir para o sítio? Alugo. Vamos para uma ilha? Alugo também. Gasto como uma pessoa normal que, infelizmente, se tornou pública.

Infelizmente?

SANCHEZ: Lógico. É o pior que pode acontecer neste país. Acredite. De bom, a fama não me traz nada. Já de ruim... Vou a um restaurante ou a qualquer lugar e as pessoas reparam, censuram, reclamam.

O que falam os corintianos?

SANCHEZ: Pedem jogadores. Vários. E daí eu mando fazer o cheque: quer fulano? Então faz o cheque aí que eu contrato.

Você tem bom relacionamento com a Gaviões da Fiel?

SANCHEZ: Faz três anos que a torcida não quebra um vidro no Parque São Jorge. Tenho uma relação de respeito com a torcida. Minhas portas estão abertas, e eles estão aprendendo a ouvir nãos! Vivi com eles. Sou um dos fundadores da Pavilhão Nove e frequentador da Gaviões. Lá tem pessoas boas e ruins como em toda a sociedade. São fanáticos e conheço gente que deixa de comer para ir a jogo do Timão. Futebol é paixão.

Contratar o Ronaldo foi o seu golpe de mestre?

SANCHEZ: Não. Foi o Estatuto. Nunca mais o Corinthians terá um dono! Contratar o Ronaldo foi um belo upgrade para os dois. Só.

Com o Ronaldo a torcida é mais complacente...

SANCHEZ: O maior ídolo do Corinthians é o Corinthians. E não o Ronaldo. Por aqui já passaram grandes jogadores, o Ronaldo vai passar também e outros virão. O que vale é a camisa.

O Ronaldo está gordo?

SANCHEZ: Quando o Ronaldo faz gol, fica magro. E quando não faz, está gordo. Não sei como ele aguenta o tanto que falam dele.

Por que você o compara com uma tsunami?

SANCHEZ: Tudo sobre ele tem repercussão desproporcional. Se coloca o dedo no nariz, é um escândalo. Se coça o saco, então, meu Deus do céu. Mas é como todos nós.

Tem roubalheira no futebol?

SANCHEZ: O futebol é uma caixa preta que hoje está cinza. E talvez um dia seja branca. Não é utopia. Talvez não esteja como nós queremos, mas está mudando muito mais rápido do que nós pensamos. Antigamente, se fazia qualquer rolo e ninguém ficava sabendo de nada. Hoje, tem tudo quanto é órgão governamental em cima, muito mais difícil de roubar. Vende-se um jogador e tem mais de 50 jornalistas, 300 blogs, 400 mensagens no Twitter. Isso dificulta as mazelas.

Dizem que você rouba?

SANCHEZ: Quem? Esses hipócritas que dizem que são oposição e nunca pisaram no Corinthians? Não têm peito!

Quais são os planos para 2012, quando deixará a presidência do Corinthians?

SANCHEZ: Dezembro de 2011! Não aumenta! Meus planos são: bermuda, chinelo, encher a lata e mulheres. Muitas namoradas...

Quem é o melhor presidente de clube atualmente?

SANCHEZ: Eu sou o melhor!

E o Juvenal Juvêncio (do São Paulo)? E a Patrícia Amorim (do Flamengo)?

SANCHEZ: O Juvenal é mais experiente. Bom, a Patrícia... É preciso dar tempo para ela.

Você e o Juvenal não se dão bem...

SANCHEZ: Não é verdade. Meu problema não é com ele, é com o babaca do Marco Aurélio Cunha (superintendente de futebol do São Paulo e vereador pelo DEM). O Juvenal é competente. Mas eu sou melhor do que ele.

A Patrícia começou com problemas com Adriano, Bruno...

SANCHEZ: E você acha que aqui não tem problemas também? Tenho Ronaldo e Felipe. É tudo a mesma merda. Ah! Mas matar, não! Aqui não tem.

Qual é a dívida do Corinthians atualmente?

SANCHEZ: A dívida é de cerca de R$ 100 milhões. Nada comparado às dívidas dos grandes clubes europeus. Tenho de ter receita, fluxo de caixa. Se o corintiano quiser, montaremos um time mediano para brigar para não cair. Pago a dívida em menos de um ano.

Você é boleiro?

SANCHEZ: Boleiro é o cara que é puxa-saco de jogador de futebol, carrega mala. Não sou boleiro! Sou privilegiado, tenho aprovação no clube, mas isso aqui é amargurante, decepcionante. O poder é uma merda.

Tem visto o Kia Joorabchian?

SANCHEZ: Sou amigo dele, mas não tenho relação com ele há muito tempo. Hipócritas usam isso contra mim. Um dos maiores empresários do futebol mundial que pode vender jogadores para tudo quanto é clube, menos para o Corinthians. Se eu disser que vendi fulano para ele, aparece camburão no Parque São Jorge.

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