sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Parte XXXV)

O Time do Povo
Por Filipe Martins Gonçalves

A Utopia nascida sob a luz do Cometa conquistou o mundo em janeiro do ano 2000, com a Torcida Fiel dando exemplo de como se deve torcer. Em meio à eletricidade do ar naquela noite de sexta-feira (ah, se tivesse sido em um domingo à tarde... pena que Eurico não quis) foi cunhado o mais famoso grito da década; Ô Ô Ô Todo-Poderoso Timão! Sinal de devoção de uma Torcida que é a raiz de seu Clube, a Torcida que tem um Timão...

Naquele ano, além de Fábio Luciano, zagueiro emprestado e que chegou sendo campeão do mundo, e Müller, o Corinthians se reforçou. Subiria para o profissional Gilberto Ribeiro Gonçalves, conhecido como Gil, que faria uma dupla infernal com o também moleque da base Ewerthon. E com Kléber, lateral esquerdo também da base, além de Ricardinho. Oswaldo foi mantido. Enquanto o Coringão avançava na Libertadores, estava tudo uma maravilha, mas entre uma goleada e outra no rival de verde, uma pelo Paulista, e outra pela primeira semifinal da Copa, o poste voltou a fazer xixi no cachorro, pelo Paulista. No segundo jogo da semifinal, o rival de verde consegue novamente os pênaltis, Marcelinho bate mal, e Marcos defende... A crise bate as portas, o Timão toma um pito da Torcida, e Edílson sai do Corinthians. E também Oswaldo. E entre Oswaldo Alvarez e Candinho, se houvesse descenso naquele Brasileiro, o Corinthians teria sido rebaixado...

Séries seguidas de derrotas significaram o pior período do Clube até então, em toda História. De 24 de setembro de 2000 até 24 de janeiro de 2001, o Corinthians acumulou 15 partidas sem vitórias. Até que Luizão desencantou, fez três e selou a vitória diante do Flamengo em quatro a três. Chegou Dario Pereyra, e logo saiu para a volta de Vanderlei Luxemburgo ao Coringão.

E com sete vitórias seguidas, o Coringão sai das últimas colocações no Paulista e chega às semifinais. E, contra o Santos, empatando em um a um o primeiro jogo, viramos o segundo jogo em dois a um. Lance de Gil pela esquerda, rolando na entrada da área para Ricardinho bater indefensável, no último minuto... Quem não se lembra?

Antes disso, porém, Marcelinho fazia seu 200º gol pelo Corinthians, na goleada de oito a dois no Flamengo do Piauí. E chegávamos à Final contra o Botafogo, em Ribeirão, que se provava a Casa Interiorana do Coringão, quando no primeiro jogo veio a vitória de três a zero, dois gols de Marcelinho. Campeão Paulista novamente! Na Copa do Brasil despachávamos a velha macaca nos dois confrontos, e perderíamos para o Grêmio de um outro Marcelinho. No Brasileiro não fomos bem, e Luxemburgo encerra assim sua participação. Para 2002 chegaria Carlos Alberto Parreira.

E o novo técnico faz um trabalho tão excelente, que ficou marcado na História. A Era Parreira, no Corinthians, é lembrada não pela retranca, mas pela ofensividade, ainda que nos momentos cruciais ele tenha se resguardado, e recuado o centroavante; quando aquele Corinthians ia pra cima, pela esquerda principalmente, era bom de se ver. Enquanto isso, os Gaviões eram novamente Campeões do Carnaval.

E o Rio-São Paulo esvaziara os estaduais. Os grandes clubes participaram dos torneios de suas regiões. O Corinthians fez boa campanha, eliminamos nas Semifinais o São Caetano (e diziam que eram algozes...), que havia disputado as Finais dos dois últimos Brasileiros, e nas Finais a freguesia falou mais alto. No primeiro jogo vitória do Povo, por três a dois. No segundo, logo de saída, o gol que era a esperança adversária. Mas no segundo tempo se cumpriu a mitologia, a supremacia Corinthiana entrou em campo para empatar, pelos pés do lateral direito Rogério. Três dias depois fizemos a segunda Final da Copa do Brasil contra o Brasiliense, sempre empatando o segundo jogo; era o traço do Parreira. Duas vezes Campeão em menos de uma semana; o Galo de Briga da Várzea era dono de seu terreiro. Chegamos à Final do Brasileiro, e mesmo virando o segundo jogo, e partindo para cima sem cuidar de sua defesa, a própria antítese de Parreira, perderíamos o campeonato. E Rogério teria sua tarde de más lembranças... Quem não se lembra disso tudo?

Em 2003, Gaviões Bi-Campeões do Carnaval, entra Geninho no comando do Corinthians, e com a mesma base do ano anterior, e com Liédson que fez bela dupla com Gil, o Timão engrenou o rápido Paulista, e nas semifinais colocou o rival verde na roda. Quem não se lembra daquele gol de Gil, nos quatro a dois daquele dia oito de março? E na Final, dois resultados iguais: três a dois para o Coringão sobre a freguesia cada vez mais preferencial. Campeão Paulista novamente!

Mas depois vieram tempos nebulosos, a sina da lateral esquerda nas duas partidas contra o River Plate, e o técnico pedindo demissão pela tevê depois de uma inusitada goleada contra o Corinthians... Que passou de Geninho para Júnior, e para Juninho. E 2004 seguiu nessa toada. Oswaldo de Oliveira volta, Rincón volta, e é Grafite quem tira o Corinthians de um final infeliz no Paulista. A desclassificação na Copa do Brasil, com mais um pênalti não marcado na história do Corinthians, foi o passo seguinte de uma crise que já vinha há tempos se acumulando, em todos os clubes.

Antes de Tite botar certa ordem na casa e fazer o Corinthians chegar a um “honroso” quinto lugar no Brasileiro, aquela relação entre clube e empresário que se iniciou na década de noventa descamba para a terceira parceria do Dualib no Corinthians. O Presidente encontrava um sonho dourado, uma fonte de onde taparia o buraco no qual sua administração acabara levando o Corinthians. Muitos enxergaram o sonho dourado do Presidente, logo desfeito. Enquanto o Timão de Carlito Tevez tentava engrenar em campo, a ‘parceira’ dava mostras de sua ingerência, e Dualib de seu próprio fim. E Tevez ficou sendo o pivô da crise. Quando não bateu o pênalti causou a queda de Tite, por imposição da ‘parceira’. O penalti, desperdiçado por Coelho no Paulista, poderia selar mais uma conquista, que não veio. Daniel Passarella é contratado, o Coringão vira pra cima do Cianorte – quem não se lembra daquilo? – mas cai diante do Figueirense, com Roger desperdiçando pênalti...

Márcio Bittencourt assume o Coringão, e faz o trabalho que renderia mais um título Brasileiro. Mas contaminado pela mentalidade empresarial, que não via em Márcio nenhuma forma de lucrar, afinal Marcião da Fiel é Corinthians de Alma, Dualib com sua ‘parceira’ cometem a maior injustiça possível: tiram Márcio e colocam Antonio Lopes. Tevez e Nilmar, com Carlos Alberto, não pararam de jogar bola por isso, e por mais que empresários tivessem tentado melar o campeonato, com resultados negativos para o Corinthians, que foram jogados novamente e o Corinthians conquistou na bola, vimos um alvoroço descabido por parte da imprensa, imputando a culpa desses empresários no Corinthians. Tudo porque se fez justiça; os jogos roubados foram refeitos.

Corinthians Campeão, e a maledicência estava no seu auge. Era o momento de causar a crise no Corinthians, da parte de fora. Uma campanha anticorintiana esteve em curso, culpabilizando o Corinthians pelo “modernismo” desenfreado dos empresários, que já dominavam o Futebol por completo. Mas o Corinthians não deixou barato; o 7x1 Eterno é fruto de um Timão que jogava bela bola.

O ano de 2006 foi decorrência desta certa dormência, a Torcida esteve anestesiada enquanto o Corinthians era atacado de todos os lados. Quem analisar os títulos das matérias desse período constatará isso. E quando veio o dia quatro de maio, ainda que lideranças estivessem ali para salvaguardar a Torcida que explodia dessa dormência, foi o prato cheio para a guerra campal e as tentativas sucessivas de desmoralização do Clube do Povo, que reverberam até hoje pelas bocas dos desavisados. Deste período, o texto mais completo é o da Leonor Macedo.

Daí veio Emerson Leão, que ajudou Dualib a peitar sua ‘parceira’. Começou tirando Carlito Tevez, por “não entender o que ele dizia”. A coisa estava desandada, e mesmo que evitasse a queda no campeonato, não evitou a tentativa de desmoralização quando, a pretexto de investigar, montou-se um circo para abutres em solo sagrado, a Cidade Corinthians. Disso tudo, a Torcida se mobilizou para expurgar aquilo. O Movimento Fora Dualib acaba cumprindo com seu dever, e assim termina 2007. Sem Dualib, com Andrés Sanchez na presidência de forma tampão, com a imagem do Clube escorraçada pela mídia, mas com uma verdade inexorável refeita; durante o período de crise e maledicência, tentaram arrogar uma freguesia inversa, por parte da associação de madame. Mas sob o Hino cantado na Arquibancada ininterruptamente, e com o cântico da Camisa 12 sendo eternizado, o “eu nunca vou te abandonar porque eu te amo”, o zagueiro Betão nos daria uma última alegria em campo. Assim Nelsinho Baptista, que foi Campeão Brasileiro pelo Corinthians, foi um dos responsáveis pela pior campanha da história, a que causou o rebaixamento. Ninguém conteria a fúria das maledicências, nem do apito que manda voltar três pênaltis enquanto não fosse marcado o gol...

Nem 2007, tampouco 2008, podem ser esquecidos, para que não se caia nessa agrura novamente. Mano Menezes assume o Corinthians e começa remontando o sistema defensivo. O Marketing trabalha para elevar as vendas, e também o moral do Clube. O Corinthians ressurge das cinzas, sob o comando do novo Presidente e da nova Diretoria. Mas a figura do empresário jamais foi descolada...

A eliminação no Paulista não interfere no andamento do trabalho em médio prazo de Mano. O dia trinta de abril de 2008 é chave. Precisávamos virar o jogo sobre o Goiás, que havia vencido por 3 a 1. E montando uma verdadeira guerra-relâmpago, vimos o Coringão jogar como há muito não fazia. Terminávamos o primeiro tempo já classificados, num eletrizante quatro a zero. Desfizemos o mal-entendido quanto ao suposto algoz do ABC, e fizemos uma primeira partida da Final da Copa do Brasil quase brilhante. No segundo jogo, claramente prejudicado pelo apito, que por forças maiores era impedido de deixar o Corinthians ressurgir campeão, perdemos a Copa.

A Torcida do Corinthians dava provas de que havia mudado. Craques de outras Eras, como o próprio Luizinho, já haviam sido crucificados. E Felipe, mesmo falhando, sobreveio no futuro. E o trabalho de Mano prosseguiu. A melhor campanha da segunda divisão de toda a história era obrigação, e foi cumprida. O Coringão voltou, aclamado mais ainda, com muito amor, pela Fiel Torcida que jamais o abandonaria, ainda mais nos momentos mais difíceis. Fiel Torcida que é Mãe de seu Clube.

E, voltando, recebeu todos os holofotes para si. Com a vinda de Ronaldo, ninguém mais falava de outra coisa, senão de Corinthians. E chegou 2009, com os frutos da persitência de Mano, o Coringão é novamente Campeão Paulista, invicto! Cada jogo era uma épica batalha, ainda viva na nossa memória. E Campeão da Copa do Brasil, com muito louvor, e muita bola. Eis então que a maldição do “dever cumprido” acomete o Timão de Mano, que joga a toalha e é ultrapassado por quem seria campeão, e nos desclassificaria neste ano na Libertadores, tendo feito uma campanha exdrúxula no Paulista, a pretexto de focar na Copa. Agora, com Adilson Baptista, temos o Brasileiro todo pela frente. Toda essa história todo mundo já sabe. Voltaremos no próximo e derradeiro capítulo dessa série...

A história continua...

Compartilhe:

0

Postar um comentário

Se você é Porco, Sardinha, Bambi ou torcedor de qualquer outro time de menor expressão e quer que seus comentários sejam aprovados, escolha bem suas palavras.

O blog é sobre o Corinthians e eu sou chato pra caralho.