quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo IX)

O Time do Povo
Por Filipe Martins Gonçalves

Já foi dito que 1915 foi o ano da rasteira. Exaustivamente repetimos aqui, pois é mais que importante que se entenda; o ano de 1915 é crucial na vida do Corinthians. Um golpe elitista dos anticorintianos havia posto à margem o Clube do Povo.
Também já foi dito que o acontecimento do referido ano sacramenta a própria Mística Corinthiana, pois o Corinthianismo é algo palpável, um fenômeno que se pode observar e estudar. Os detratores torcem o nariz, mas o que ocorre em 1915 deixa abismado todos aqueles que queriam ver extinto o esforço popular de se construir um Clube a partir das próprias forças.
Não fossem os Corinthianos desse sofrido e glorioso ano de 1915, o Corinthians Paulista já estaria reduzido a pó, como queria a anticorintianada. Pois o Corinthians trazia consigo a popularidade que nenhum clube jamais conseguiu por si só.
E, como gigantesco que sempre foi, nesse ano não apenas sobreviveu como se fortaleceu e aprendeu a dura lição da vida que os humildes têm de compreender.

Quando Magnani, que levou o Clube das Várzeas ao Futebol “oficial”, entrega ao seu sucessor o cargo de Presidente, em 30 de setembro de 1914, muita coisa já havia acontecido ao Clube do Povo. Notáveis glórias já havia vivido o Povo Corinthiano. Assim, antes mesmo de se compreender as razões que tornaram o ano de 1915 o mais marcante dos primórdios da História Corinthiana, e por isso mesmo foi o ano que moldou a Mística, é preciso compreender o que de muito importante aconteceu em 1914, além da primeira conquista invicta do Campeonato Paulista.

Em 15 de agosto de 1914 aconteceu a estréia do Corinthians Paulista em jogos internacionais. E é bom frisar que esta cidade era tão povoada por imigrantes italianos que o tão conhecido, atualmente, sotaque da Móoca era o dialeto comum a qualquer bairro, ladeira e esquina desta que se tornaria a cidade de todos os Povos, assim como o Clube que melhor a representa. E já a representava.

Para tanto, devemos dar a palavra ao próprio treinador e diretor do Torino, clube que aqui veio mostrar a pujança do futebol italiano. Disse o signore Vittorio Pozzo, ao giornale daquela città, o Sport del Popolo;

“O Corinthians é uma esquadra formidável em todas as suas linhas. Os italianos ou filhos de italianos e todos eles são, individualmente, de categoria superior à média dos jogadores que atuam na Italia. Os backs são fortes e seguros, os halves são trabalhadores incansáveis, os atacantes são velozes e apresentam ótimo entendimento.
Nos dois jogos que fizemos com o Corinthians somente conseguimos sair vencedores depois de uma luta extenuante. O Corinthians é um team de classe, que poderia enfrentar qualquer esquadrão da Europa”.

Isso, claro, tomando como preceito que a Europa tivesse os melhores esquadrões do mundo, e não citando as grandes esquadras sulamericanas.
Mas, sobretudo, frisando que nas duas oportunidades, conforme são relatadas as partidas, o Corinthians sofreu com os árbitros.

O Torino era, então, o clube que viria levantar o moral do povo italiano em terras estrangeiras. E antes de enfrentar o Campeão Paulista invicto, enfrentou o Internacional, que goleou por 6 a 0. Depois, enfrentou a seleção da Liga Paulista, impondo um 5 a 1. A terceira foi a primeira disputa contra o Corinthians, cujo árbitro foi o italiano Minoli, grande amigo de Vicente Ragogneti. O resultado foi a derrota Corinthiana, com direito a gol impedido ignorado. Mas como se vê, o próprio diretor do Torino sabia o que estava dizendo. O duríssimo 0 a 1 para o Torino se transformou em 0 a 3, com um pênalti também mal assinalado.

Quatro dias depois, o amigo do árbitro, Ragogneti, editor do tablóide “Fanfulla”, que tinha como característica atacar gratuitamente o Corinthians por conta de sua natural miscigenação e ojeriza ao que mais prezava seu editor, que era a exclusividade pela colônia italiana, convocava os italianos e ítalo-brasileiros à fundação da Società Palestra Italia, que viria a acontecer no ‘chiquérrimo’ salão Alhambra, com estatuto que pretendia, além do Futebol, dar ao clube um caráter de sociedade “filodramática e dançante”. É de se notar que no primeiro time que entrou em campo com aquela camisa, havia cinco Corinthianos, deste Timão que enfrentara o Torino. Mas isto é outro papo.

Depois disto, a seleção da Liga Paulista pede revanche. E toma nova goleada, desta vez mais acachapante; 7 a 1.
E o que faz o Corinthians? Ora, pede sua desforra também. O Torino não pode se negar. E o jogo terminaria empatado…
Sebastião faz a defesa parcial de uma bicuda de Debernardi. A bola sobe ao travessão (ainda quadrado – as traves redondas não existiam…) e volta ao chão. Sebastião agarra. Chuta pra frente. O Povo urra de alegria. Mas o árbitro, Charles Miller, via o que ninguém viu. Nem mesmo os italianos do Torino. Trila o apito, aponta ao centro do campo, valida o gol inusitado, sequer imaginado ou visto. Isso tudo nos minutos finais da partida…
Mesmo assim os Corinthianos saem louvados pela multidão que os carrega nos ombros, naquele Velódromo que hoje é a Praça Roosevelt, no começo da Rua da Consolação.
Os heróis Corinthianos: Sebastião, Fúlvio e Casemiro Gonzales; Police, Bianco e César; Américo, Peres, Amílcar, Aparício e Neco.

Em 30 de setembro de 1914, Alexandre Magnani entrega o cargo de Presidente a Ricardo de Oliveira, em uma sessão festiva. Novos associados, de nacionalidades distintas, de origens múltiplas, naquele dia integravam o Clube do Povo.
Magnani discursa. Sente muito “deixar a presidência de um clube que viu nascer, que viu galgar os degraus da glória e que hoje representa uma das mais poderosas agremiações esportivas paulistas. A diretoria que deixa seu cargo, caros consócios, faz os mais ardentes votos de que reine sempre entre vós a mais pura cordialidade e coleguismo. Que os novos e nobres diretores, cheios de entusiasmo pelas lutas esportivas, nunca venham a desanimar. Que a disciplina social, a obediência aos estatutos e aos regulamentos, a deferência para com aqueles que vós mesmos escolhestes para dirigir a sorte de nosso clube sejam sempre escrupulosamente observadas, em prol do prestígio do nosso clube. O segredo da força de uma coletividade é constituído pelo respeito às leis que a governam. A directoria que deixa seus cargos tem absoluta certeza de que seus sucessores, por longa série de anos, acompanharão e guiarão o Corinthians em um caminho cada vez mais Glorioso”.

Ricardo Oliveira retribui as palavras de Magnani, em seu breve discurso de posse, agradecendo a “Magnani, verdadeiro apóstolo Corinthiano, a quem o clube deve a sua organização, a sua força e a sua glória”.

Não são palavras à toa. Magnani foi isso tudo, justamente. E se breve foi seu discurso, breve foi a contenda que Oliveira abraçou. De início já sentiu na própria pele que dirigir o Corinthians Paulista era “comandar um barco de emoções num oceano de paixão”, como definiu Lourenço Diaféria.
A sede precisou ser transferida, sem consulta prévia. E isso lhe rendeu ataques inglórios por parte de associados tão vigilantes quanto incisivos.
O Corinthians, internamente, mais parecia um vulcão em erupção. Duas correntes se formavam; a dos que viam o Clube como sendo o modesto Clube do Bom Retiro, que ali deveria continuar, e a corrente daqueles que queriam galgar os primeiros sonhos, sonhados sob a fulgurante luz do Cometa, em maio de 1910.
Venceu a segunda corrente, e antes que 1915 viesse, o contato com a Associação Paulista já estava travado. A desfiliação para com a Liga já estava em andamento. E, aproveitando esse vulcão, a anticorintianada tratou de promover aquele que seria o derradeiro golpe naquele “clubinho” atrevido. O que acontece em 1915 pode ser visto nos capítulos anteriores.

Em 29 de janeiro de 1915, por conta do rigor da fiscalização daqueles que o presidente Oliveira chamara de “caluniadores”, fez-se nova eleição.
Oliveira, porém, foi reeleito, “pela sua competência, esforço e modéstia na direção do Corinthians”.
Existe uma versão da história que atribui a estas rixas internas o fortalecimento de agremiações adversárias. Mas o fato é que o Corinthians aprendeu, na marra, a usar o veneno das crises como antídoto, e assim se fortalecia. O ano de 1915 é a prova mais que cabal disso.

Na noite de 1º de setembro de 1915 o Corinthians Paulista completava seus cinco anos de idade. Deveria ter sido uma Festa, como estavam acostumados a promover, com rojões no céu, cerveja aos associados, mas o que se via era um clube escanteado pelos figurões elitistas, que não tinha muito como fazer festa nenhuma. Imaginavam que o Corinthians Paulista sucumbiria, pelo desânimo, pela falta de oportunidades. Qual o quê!
Havia excursionado pelo interior, enfrentado todos os times da Associação, mantendo sua escrita de Timão invictamente. Ainda assim, naquela noite de aniversário, nem tudo eram flores. Naquela assembléia, que teria o ar festivo, o que se viu foi cobranças, “em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão”.
Oliveira tenta explicar onde havia ido parar as rendas das partidas, que viraram fumaça. Não havia caixa algum! O Corinthians, financeiramente, estava no rumo da falência…
Um empréstimo havia sido feito, sem consulta ao quadro associativo! Para piorar a situação, os móveis do Clube foram dados como garantia…
Associados que reclamavam de Oliveira eram atacados por serem faltosos, por serem inadimplentes. O caldo engrossava. Na noite do aniversário de cinco anos, o Corinthians fazia jus ao vulcão em erupção que sempre foi. Tudo se complicava.
Oliveira termina por pedir demissão. Seu vice, João Batista Maurício, assume a presidência. Os ânimos se acalmam.

Nesta oportunidade, o associado Galliano recorda a todos que, fazia cinco anos, aquele grupo de operários se punha a fundar o Clube. Um grupo bem menor do que aquele que se digladiava no dia do quinto aniversário, reunidos como que circunstancialmente, sem festejo, sem comemoração. Que o Corinthians merecia.
Sim, atravessava dificuldades, todos sabiam. Não havia nenhum dinheiro para comemorar coisa alguma! É assim que vem a proposta; “Que todos os associados presentes dêem um voto de louvor a todos os associados, inclusive aos ausentes, aos que não puderam comparecer à assembléia, a todos os jogadores e fundadores, e que esse voto fique registrado no livro de atas, para que um dia, se alguém se lembrar de ler este livro, fique sabendo o que tinha acontecido naquela noite de setembro, no 5º Aniversário do Sport Club Corinthians Paulista!“.

Todos se levantaram, aplaudiram, aprovando a proposta por unanimidade.
E por alguns momentos, aquela noite pareceu ter sido de Festa e confraternização.

E a História continua…

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sobre os reforços

Visando o ano do Centenário e a conquista da Libertadores, a diretoria do Timão começou o trabalho e entre as muitas especulações feitas quatro reforços já foram confirmados. São eles:

Roberto Carlos


A conversa começou há bastante tempo e a porcada e as sardinhas também tentaram a contratação.
Depois de muito disse me disse, de confirma daqui e nega dali, agora é oficial.
A imagem ao lado é do site oficial do Corinthians e confirma a contratação do craque da lateral esquerda que será apresentado no dia 4 de janeiro e levará a camisa 6. Que ela possa nos dar tantas alegrias como nos deu quando era de Cristian e também como a 9 de Ronaldo nos deu esse ano.

Tcheco



Outro jogador com bastante experiência. Já jogou Libertadores e rende muito sob o comando de Mano Menezes.
Só saiu do Grêmio por ter um certo desgaste devido a sua longa passagem pelo clube, mas deixa saudades, segundo toda a torcida do tricolor gaúcho.
Na minha opinião, um dos poucos nomes capazes de fazer a função que era do Douglas e retomar o esquema de jogo do primeiro semestre de 2009.

Yarley


Responsável por um dos poucos triunfos Brasileiros dentro de La Bombonera quando jogava pelo Paysandu, foi contratado pelo Boca Juniors e por lá conquistou uma Libertadores e sagrou-se, possivelmente, o único brasileiro querido em um time argentino.
Mais tarde no Inter, foi bi da Liberta e campeão mundial vencendo o Barcelona na final.
A exemplo dos outros dois reforços citados, tem mais de 30 anos, o que pode causar em você um sentimento de desconfiança, agravado pelas piadinhas da imprensa.
Quanto a isso, pare e pense, olhe a última temporada dos 3 e perceba que além de ainda jogarem o fino da bola, nenhum deles, apesar da idade sofre com lesões constantes ou qualquer fator que indique falta de preparo físico.

Ralf



O único reforço já apresentado também é o mais jovem, com 25 anos e jogou a última temporada pelo Barueri.
Considerado o jogador mais regular da equipe e com ótima média de desarmes vem com a responsabilidade de preencher a lacuna deixada por Cristian, primeiro volante bom de marcação e com saída de jogo.
Disputará a vaga com Marcelo Mattos que ainda não demonstrou o bom futebol de 2005 e terminou o ano lesionado.

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo VIII)

“Per Aspera Ad Astra”
Por Filipe Martins Gonçalves

Nos capítulos anteriores esboçamos um resgate do que foi o Corinthians em sua infância, quando era ainda o Clube de Várzea que nascera predestinado a devolver ao Povo o Futebol.
No segundo capítulo, temos uma espécie de bússola, que sempre será retomada como agora. A História, ao menos em campo – e um pouco fora de campo, também – tem de ser amarrada com o laço forte que são os Capitães e Presidentes que passaram pelo Corinthians nestes primeiros cinco anos.
É natural, então, que principiemos a discorrer sobre o primeiro Presidente Miguel Bataglia, operário que havia se tornado alfaiate com seu próprio esforço e mantinha sua alfaiataria naquele Bom Retiro. Miguel era amigo de Alexandre Magnani, o cocheiro, que era amigo de Antonio Pereira, o pintor de paredes que trabalhava no escritório de Ramos de Azevedo. Além de todo o esforço da rapaziada na construção obstinada do Clube do Povo, nada aconteceria de fato se estas três figuras não fizessem tudo acontecer, de certa maneira.

E foi sob o teto da barbearia do irmão de Miguel, Salvador Bataglia, onde o Clube que teve como primeira sede o céu estrelado iluminado pelo rastro do Cometa nasceu definitivamente.
Mas Miguel entregou a Alexandre o comando do Clube, com menos de dois meses de vida. E é Alexandre quem leva adiante a empreitada como se fosse sua própria vida.
O Corinthians, durante muito tempo, foi um Clube sem placa na porta. “Clubinho”, diziam os detratores do Povo – e ainda dizem coisas semelhantes, imaginando que o Gigante que cresceu por conta própria, no apoio de seu Povo, possa ser “diminuído”. Mas é um Timão em campo, desde os primeiros quadros.
O primeiro Capitão do primeiro quadro do Timão foi Rafael Perrone. Um dos cinco operários que idealizaram e fizeram acontecer o Corinthians, com o trabalho incessante dia após dia, como formigas, para que o Clube do Povo acontecesse como aconteceu.
Perrone era Capitão no tempo em que ser Capitão significava muito; ele escalava, convocava, distribuía as camisas, encaminhava os uniformes para a lavadeira (falávamos dessa importantíssima figura anteriormente) e, sobretudo, tinha que ter trânsito na diretoria e no quadro associativo. Ainda mais no Corinthians, onde a Torcida sempre exigiu ser escalada.

Nos anos de 1910 e 1911, Perrone transformou o Corinthians no Galo Brigador das Várzeas. Fez excursões pelo interior e moldou o Espírito e a Mística Corinthiana dos primeiríssimos tempos.
Naquela época a figura do Capitão era um pouco mais do que a figura do técnico atual, mesmo que um Capitão como Perrone não detivesse participação financeira em passe de jogadores que ele mesmo escalava e insistia em escalar, primeiro por não existir nada disso ainda, e depois que a Torcida não deixaria uma presepada dessa acontecer de jeito nenhum.
O Capitão era querido pela Torcida e representava a Torcida diante de seus Guerreiros em Campo. E, sobretudo, ele mesmo jogava. Perrone era zagueiro direito e ajudou a alimentar a Raça Corinthiana nos primórdios.
Casemiro Gonzales, já então considerado uma liderança inquestionável, substituiu Perrone no comando do primeiro quadro, em 1912. Foi ele quem estruturou o Corinthians que conquistou sua posição de direito no Futebol oficial, quando ganhou o Diploma de time Varzeano que quebrou o tabu.
Foi ele o Capitão do Timão que devolveu o Futebol ao Povo. E quando tudo parecia ir por água abaixo, no campeonato de 1913, é dele a iniciativa de colocar aquela molecada do segundo quadro, o Neco e o Amílcar, para jogar. Decisão mais que acertada, como dizíamos, e o Coringão ficou alguns anos sem saber o que era derrota.

No ano da rasteira, 1915, é Amílcar quem segura a bronca e mantém o pessoal unido ao Corinthians, além de manter invicto o Timão.
É ele também quem suporta acesa a chama desse Amor eterno, para ser Campeão Invicto no ano seguinte, completando o primeiro Tri-Campeonato, não de fato mas de direito, como foi contado nos capítulos anteriores. Amílcar seguiria como Capitão até 1920, quando passou o posto a Guido Giacomelli, que posteriormente também seria Presidente e sobre quem ainda nos fartaremos de falar por estas linhas nos próximos capítulos.
No segundo quadro esteve como Capitão Anselmo Correa, goleiro, outro dos Cinco Primeiros. E o “causo” que nos enveredaremos aqui neste capítulo diz respeito a esse Corinthiano ilustre.
Anselmo Correia foi um dos jovens a ter a idéia da Fundação do Clube do Povo. Quando o Clube aconteceu, agregando o Povo no entorno e para além, todos os pontos de vista passaram a coincidir em um só objetivo: o Bem do Corinthians, ainda que ninguém concordasse com ninguém.
Ah, quem não tem muito amor e bom humor, que vá torcer para outro clube.
Quem não quer investir a própria Vida, e colocar seu corpo e sua alma sob a Bandeira Gloriosa do Povo, que nem chegue cá.
O comportamento, portanto, era único: se nem todos podiam participar das reuniões e assembléias, nenhum faltava à convocação dos Capitães e todos faziam das tripas coração para dar sua contribuição em mão-de-obra ou em dinheiro.

“O Jogador do Corinthians não joga para um simples time. O Jogador Corinthiano joga pela Honra do Corinthians!”, foi uma frase dita e que ficou famosa nesta época. E isso sempre se aplicou a todo Corinthiano.
Mas Anselmo, em uma reunião em 21 de maio de 1913, perdia a paciência.
Reputava como gravíssimo o assunto o qual dava sua queixa. Tratava-se de uma verdadeira ofensa pessoal. Ele havia perdido o lugar no gol do segundo quadro!
Justo ele, que havia tomado sereno organizando o Clube sob a Luz do Cometa e dos lampiões do Bom Retiro, que fora um dos Capitães nos primeiros treinos da vida do Clube do Povo, ali no Campo do Lenheiro. Que ele próprio havia ajudado, e muito, a transformar em cancha para o Futebol! Ele que participara de todos os rateios até então, que estava com todos os recibos religiosamente em dia, justo com ele haviam feito tamanha… sacanagem!

Anselmo pedira a palavra naquela Histórica Reunião da Diretoria, e soltou a bomba.
“Peço demissão¹ do Corinthians!”
O brilho furtivo de uma lágrima de teimosia fugia no bico dos olhos. Na sala, o silêncio só era quebrado pelo bater das asas da mariposa peluda.
A reunião estava no fim, a declaração foi uma surpresa, inesperada. De calça curta, portanto, se viu Alexandre Magnani, o Presidente.
Ora, Anselmo não era sócio comum; era um Benemérito, um Fundador, um dos Cinco Primeiros!
Magnani, o cocheiro de tílburi, amigo de Bataglia que com ele trançara os pauzinhos para que o Clube do Povo transcendesse o simples sonho de verão e que havia sido recentemente re-eleito, tinha que contornar a questão.
Anselmo era esquentado, Alexandre sabia disso. Não engoliria aquela de ser afastado do gol.
Mas sabia também que o afastamento tinha razão de ser e que, do outro lado, os que o afastaram estariam dizendo que o Corinthians não acabaria por causa daquele “goleirinho”…

E durante aquele burburinho de surpresa, disse Magnani:
“Demissão de Sócio Benemérito, de Fundador, não pode ser tratada assim sem mais nem menos, em reunião de diretoria. É assunto grande demais. É assunto para Assembléia Geral decidir”.
Na Assembléia Geral de 11 de julho de 1913 foi que a questão voltava à tona. Os associados Luiz Fabi e Francisco Police cutucavam a ferida.
“Como é que havia ficado a situação do demissionário?”
O Presidente tornava a dizer que não cabia à Diretoria do Clube conceder demissão a um Sócio Benemérito, e que talvez por grande parte dos presentes àquela reunião já terem saído da sala, não tivessem ouvido. Os dois retrucam, dizem que a demissão havia sido concedida. O Presidente discorda, afinal dois meses se passaram, e Anselmo ainda freqüentava a sede do Clube todos os dias…
“Vamos fazer o seguinte”, sugeriu Magnani, com o tato de um diplomata que a experiência da vida lhe ensinara, “nosso caro associado Anselmo está presente e vamos dar a palavra a ele. E ele decide se mantém o pedido de demissão…”

Anselmo Correia respirou fundo antes de começar a falar. Ainda estava magoado com aquela dura injustiça. Quantas bolas não fora buscar no ângulo?, quantas vezes não esfolara o joelho, o cotovelo, a mão, a cara, naquelas piçarras do campo?, quanto suor não oferecera ao Corinthians? Sim, ele estava amargurado.
Mesmo assim disse:
“Retiro meu pedido de demissão! Estava exaltado, não me conformo de ter sido afastado do gol. Fui injustiçado, não mudei de idéia quanto a isso… Mas nem por isso vou abandonar o barco. Peço que desconsiderem meu pedido de demissão. Estava com a cabeça quente…”
O pedido de Anselmo Correia foi não apenas aprovado como recebido com aplausos e abraços. Magnani sorria. Sua tranqüilidade de Presidente dera resultado. E o ex-goleiro insistia, entre um abraço e outro:
“Eu só queria saber porque me tiraram do gol, pô!”

A explicação quem dá é a própra Ata, lavrada por Casimiro do Amaral, o Diretor Esportivo do Corinthians. A seguir, grafada como no original.
“Que tendo entrado, na qualidade de sócio, um goal keeper muito superior ao snr. Anselmo Corrêa, a comissão não tinha hesitado na escolha. E julga que tal decisão estava a contento de todos os jogadores do 2º team e era uma medida também justíssima, porque sócio é o snr. Anselmo e sócio é o snr. Sebastião. Pede, entretanto, aos presentes para julgar o assunto. O snr. Presidente põe em discussão a matéria. A discussão torna-se violenta porque o snr. Anselmo não quer ceder e persiste em sua reclamação. O snr. Presidente impõe silêncio. Acalmados os ânimos, põe em votação a proposta (…)”

Anselmo perdia a parada. Perdia seu lugar no gol do segundo quadro.
Não havia protecionismos. Não havia privilégios. Jogava o melhor. Assim era no Corinthians. O Capitão mandou, que seja cumprida sua ordem.
Sebastião logo passaria ao primeiro quadro e seria Campeão Invicto em 1914, em 1915 seria Campeão dos Campeões “extra-oficialmente”, e novamente Campeão Invicto em 1916.
E Anselmo Correia nunca mais na vida pediu, ou até mesmo aventou a possibilidade de “sair” do Corinthians. Isso era impossível.
Continuou sendo o associado vigilante, atento, e às vezes um crítico excessivamente áspero, de trato difícil.
Mas jamais lhe faltou o profundo amor ao Clube que era a razão de sua vida.

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OBS: Parte do conteúdo aqui exposto é inspirado no Capítulo XXXI, “Desde as primeiras atas, um clube forjado nas lutas”, da Obra “Coração Corinthiano” de Lourenço Diaféria.

¹ “Demissão” aqui é o mesmo que “desfiliação”, posto que o caráter “empregatício” do termo não poderia sequer ser cogitado.

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Atlético-MG X Corinthians: Onde tudo pode acontecer...



Muita chuva, dois gols de Souza e um gol de Bill. E assim termina 2009.
Que venha o centenário! Vai, Corinthians!

Veja os gols:

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sábado, 5 de dezembro de 2009

Pré Jogo: Atlético-MG X Corinthians



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ㅤㅤCampeonato Brasileiro 2009 - 38ª Rodada
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- Ficha Técnica:
Data: 05/12/09 (Sábado)
Horário: 19h30 (Horário Brasileiro de Verão)
Local: Estádio do Mineirão
Cidade: Belo Horizonte - MG

- Arbitragem:
Árbitro: Wagner Tardelli Azevedo (CE)
Auxiliar 1: Marco Antonio Martins (SC)
Auxiliar 2: Alcides Zawaski Pazetto (SC)

- Equipes prováveis:



ATLÉTICO-MG
Carini;
Coelho, Pedro Benítez, Werley, Júnior;
Jonílson, Correa, Márcio Araújo, Evandro;
Éder Luís, Diego Tardelli


Téc. Celso Roth






CORINTHIANS
Júlio César;
Balbuena, Diego, Renato, Dodô;
Jucilei, Boquita, Elias;
Matias Defederico, Jorge Henrique, Souza


Téc. Mano Menezes



- Atletas suspensos::
Paulo André, Felipe, Moradei e Chicão

- Campanha do Timão:
Colocação: 10º
Jogos: 37
Vitórias: 13
Empates: 10
Derrotas: 14
Aproveitamento: 44%

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A minha casa está onde está o meu coração.


Salve, Nação!
Há exatos 33 anos acontecia um dos episódios mais marcantes da história Corinthians, da história do futebol Brasileiro e da história da humanidade por se tratar do maior deslocamento de massa em tempos de paz: A invasão Corinthiana ao Maracanã.

No dia 5 de dezembro de 1976, depois de 22 anos sem títulos, a torcida mais linda do mundo transformou a Via Dutra na Avenida Corinthians e com 70.000 apaixonados dividiu o Maracanã com a torcida do Fluminense que disputava conosco uma das semifinais do Brasileiro daquele ano.

Tira de Ziraldo retratando a magnitude da invasão.

E assim, Fiel, o Rio de Janeiro foi tingido de preto e branco. Nas ruas, nas praias e até no Cristo Redentor tudo o que se via eram bandeiras e camisas do Todo Poderoso.

Mesmo depois de tanto sofrimento, mesmo depois de tanta espera, a paixão falou mais alto e ao entrar no Maracanã, o time do Fluminense, considerado até hoje um dos melhores esquetes já montados no futebol brasileiro, achou estar no campo errado e sucumbiu à pressão do bando de loucos, que ainda não carregava esse nome, mas já agia como tal.

Debaixo de forte chuva, com a bola custando a entrar, sofrido, como tudo que é Corinthians deve ser, Vaguinho bateu o escanteio, Geraldo escorou de cabeça e Ruço "Beijinho Doce", de meia bicicleta, garantiu o empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.


O resultado levou a disputa para os pênaltis e o nosso guarda meta Tobias, em partida inspirada, defendeu três cobranças e no final Zé Maria, o "Super Zé" converteu a última penalidade e colocou o Coringão na final do campeonato, premiando os 70.000 que vieram de São Paulo.


 Essa é uma história que não fala de conquistas, não fala de títulos, até porque viriámos a perder a final, mas fala de paixão. Fala de uma torcida que mesmo depois de mais de duas décadas sem campeonatos, fez o que nenhuma outra faria nem após uma sucessão de títulos. Essa história, entre tantas, mostra o que é Corinthians e o que é ser Corinthiano na sua essência, e é por isso que ela deve ser lembrada, comemorada e contada para que os novos Corinthianos cresçam sabendo que a nossa história é sim moldada em luta e sofrimento, mas que isso não a impede de ser uma das mais lindas do futebol Brasileiro e Mundial.

E como não poderia deixar de ser, veja e sinta a Invasão na voz inconfundível de Osmar Santos:

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fila por ingressos promete Morumbi cheio no domingo




Torcedores São Paulinos prometem casa cheia na última rodada.

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lateral Esquerda: Done!



Se você não concorda, não quer, não gosta, engula seco. Ele vem!
E já tem até data marcada: dia 20 de dezembro, Roberto Carlos se apresenta no Corinthians e RESOLVE o problema da nossa lateral esquerda.
Quem assistiu jogos do Fenerbache esse ano sabe que preparo físico não será um problema, pois segundo o próprio jogador ele está "um veneno". E na parte técnica ele continua sendo o melhor lateral esquerdo que eu já vi jogar.
Agora é esperar, Fiel, que a dupla com Ronaldo renda tudo que já rendeu num passado não tão distante e que possa nos encher de alegrias no centenário.
Continuamos aguardando Tcheco, Iarley, um zagueiro e um centro avante.

Vai, Corinthians!

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo VII)

 “Per Aspera Ad Astra”
Por Filipe Martins Gonçalves

No Capítulo passado, ficou a aresta de mostrarmos como foi que o Corinthians mudou os paradigmas do que se entendia por time de Futebol. Retomo, pois as palavras empregadas ali:

Importantíssimo, mesmo, é frisar que os jogadores da Várzea costumavam jogar por um time de manhã e por outro à tarde, sem qualquer problema, sem qualquer implicância de ninguém.
Foi o Corinthians, portanto, ao alcançar o Futebol “oficial”, que restringiu a atuação desses jogadores. E em um movimento natural, criou o amor à camisa. Mas isto ficará para o próximo capítulo, posto que temos como provar com fatos tudo isto que estamos a dizer“.

Irão dizer que nos outros clubes da época também jogava gente com forte ligação a determinada camisa, mas não é a esse nível que chegamos aqui. É inegável a dedicação, o respeito, o amor às camisas, tanto no futebol oficial quanto nas Várzeas.
No Corinthians é que foi diferente. Muito diferente. E é “só” a isto que dedicaremos este texto.
Os cinco primeiros anos de vida do Corinthians Paulista são cruciais para a formação da Mística Corinthiana, e o ano de 1915 é chave para se compreender o que é isso.
O Corinthians conquistou pela primeira vez uma taça em seu segundo Campeonato, de forma invicta, em 1914, como víamos. Mas na verdade, o Corinthians queria disputar com os “bem-nascidos” e ganhar. Quem se aventurar pelo que já foi dito nesta Saga verá que estes “bem-nascidos” estavam é fugindo dos clubes populares, menos por motivos classistas que pelo medo de tomarem surra em campo.
Corinthians e Paulistano, por exemplo, ajustavam seus times fazendo jogos-treino, sendo o primeiro de que se tem notícia em 1913. Eles sabiam do espaço que já deveria ter sido dado a esses clubes, principalmente ao seu maior representante e dissimulavam usando o poder político que tinham.
O Corinthians contava com a influência deste clube citado para a mais ousada empreitada. Na Associação, estavam os times contra os quais o Corinthians queria a disputa. E seus representantes sinalizaram uma vaga ao Corinthians, pois o Campeão Invicto da Liga agregaria valores não apenas ao Futebol, mas à bilheteria também.
No quadro associativo, houve muita discussão: alguns achavam que seria ousadia demais, outros sabiam que esse teria de ser o caminho. Então, o Corinthians decide aceitar e, antes de firmar com a Associação, se desvincula da Liga.
Achou que seu Diploma, prova do esforço valoroso, valente e real, pudesse ter feito a casta pôr as mãos na consciência.
Ocorre que a credencial do ótimo futebol não bastava. Ao contrário, os clubes da ‘elite’ não queriam ver seu poderio rivalizado com o desse… Povo.
Por isso impuseram as armadilhas típicas, e o Corinthians Paulista sempre tirou isso de letra. Como sempre, fazendo das tripas coração.
Pois o que de fato queria a Associação era relegar ao Corinthians uma série de amistosos ao longo do ano, “representando” a Associação. E não se poderia mais voltar atrás, o desligamento com a Liga era algo consumado, sacramentado.
Foi dos golpes mais duros na jovem vida daquele Clube modesto, com a cara e a coragem, que “não iria sobreviver mais que um inverno”…
Nesse contexto, vale a lembrança: o Corinthians é o único dos grandes clubes deste país a ter o Galo de Briga da Várzea, que nada tem a ver com outros galos por aí. Havia se despedido da Várzea, seu Berço Histórico, com um Diploma que concedeu o direito de participar do Futebol “oficial”. Mas teimavam em alijá-lo da disputa.
E o Corinthians, é claro, teimava ainda mais em lutar.
Assim, se o Corinthians existe e é esta gigantesca árvore cuja raiz é o Povo, é porque aquela jovem árvore resistiu ao temporal. Sua raiz não a deixou cair e nada é mais forte que a raiz do Corinthians!
Era para o Corinthians ter acabado e, para não acabar, teve de acontecer a criação do paradigma do Manto Sagrado. Nenhuma Camisa tem essa história.
O Corinthians não acabou, e isso aconteceu por causa do amor dos Guerreiros Corinthiano.
O Corinthians joga então os amistosos, e joga com seu Timão campeão invicto.
E mesmo com seus jogadores aceitando ser emprestados para alguns clubes¹ para que disputassem também o campeonato oficial, os Corinthianos deixaram claro que estavam apenas sendo emprestados.
Note, portanto, aquilo que foi dito no capítulo anterior. Neco, neste ano, disputou partidas pelo Botafogo, pelo Mackenzie e pelo Corinthians, um fôlego que hoje em dia não se vê. Talvez pelo Futebol atual seria muito mais desperdício de energia que antigamente, e pela ótica daquela época é inútil imaginar um jogador aplicado nos moldes de hoje. Mas isso é outro papo.
Retirado por motivos obscuros da disputa oficial, o Corinthians viu seus Guerreiros não o abandonarem, tanto os de dentro de campo quanto os de fora.
Durante essa série de amistosos com os clubes da Associação (inclusive a seleção da Associação), o Corinthians, jogando com seu time Campeão Invicto da Liga em 1914, venceu todas as disputas, exceto com o Paulistano, com o qual empatou em 1 a 1.
Depois que Neco e Amílcar chegaram ao primeiro quadro, no segundo turno do Campeonato de 1913, o Corinthians não perdeu mais.
Enquanto isso, a A.A.Palmeiras foi a campeã da Associação de forma invicta. Só perdeu de 3 a 1 para o Corinthians…
Os jogadores voltaram para o Corinthians para a disputa do ano seguinte², com duas pontuais exceções. Não é exagero dizer que tal fato não se daria em um clube comum nenhum.
Nasceu nesse ano, depois de tudo o que os Corinthianos passaram, um modo de proceder com o Manto que segue com o Corinthians como parte integrante da alma Corinthiana. Jogar pelo Corinthians passa a ser mais algo mais, muito mais, que jogar por Amor.
E isso tudo é muito importante frisar, para entendermos o que virá repetidamente e recorrentemente a acontecer, não só à História do Corinthians, mas à História do Futebol.
Na pré-temporada de 1916, aconteceu a disputa da Taça Beneficência Espanhola. Os organizadores planejaram uma peleja entre o Campeão da Liga, o Germânia (que em 1914 abandonara a disputa) e o Corinthians.
Resultado? 4 a 1 para o Coringão.
E quiseram que o Corinthians enfrentasse a A.A.Palmeiras, campeã da Liga. E o Corinthians faz 3 a 0.
O Corinthians era o Campeão dos Campeões, sem contestação.
Cabe reproduzir o texto de Thomaz Mazzoni³;

O Corinthians demonstrou, pois, que poderia ter sido Campeão de 1915 se tivesse disputado o campeonato. Mas a grande demonstração de valor do Corinthians não foi essa de vencer os adversários “apenas” e sim aquele amor de seus jogadores pela camisa e pelo nome do Clube. Aliás, era espírito dos clubes varzeanos da época. Os jogadores amavam seus clubes como às suas próprias Famílias! E o Corinthians foi o primeiro clube tipicamente varzeano a se tornar do futebol oficial (…) Pois bem, finda a temporada de 1915, o Corinthians desiludido com a APEA e não tendo certeza de disputar o campeonato de 1916, resolveu voltar para a Liga Paulista, onde foi outra vez campeão invicto

O Campeonato da Liga em 1916 era muito mais difícil.
Já estava presente o número de quatorze times, entre os quais o Ruggerone, o União da Lapa, times da Várzea velhos conhecidos do Corinthians Paulista, além do Americano e do Internacional, e do próprio Germânia.
E mais uma vez o Coringão, com seus Fiéis Guerreiros, levavam a Taça outra vez de forma invicta, inconteste.
É um Tri-Campeonato invicto, meteórico, fulminante, Revolucionário no Futebol.
Com apenas seis anos de vida, aquele que sempre esteve fadado a acabar, a tomar rasteiras e se levantar mais forte, tinha chegado à Glória de quebrar o tabu.
Os “oficiais” já deveriam ter entendido o que estava acontecendo: o futebol sofrera a maior de suas revoluções.
O Povo já o dominava por completo.
E a História continua…
 
¹ Amícar, Fúlvio, Aparício e Perez vão jogar no Ypiranga; Neco, Casimiro Gonzáles, César e Bianco, jogam no Mackenzie, e Police vai jogar no Scottish Wanderers
² Bianco, porém, foi para o Palestra; Perez ficou no Ypiranga.
³ No livro “Corinthians, suas histórias, suas glórias”, publicado pelo próprio Clube no final da década de 1960, herança de família deste que vos escreve.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Corinthians X Campeão Brasileiro: Falta apenas 1.



Salve, Nação!
O jogo correu normalmente, ou você achou que o time depois de um segundo semestre sem jogar futebol iria se iluminar e dar o sangue contra o Flamengo para ajudar São Paulo, Palmeiras e Inter?
O time jogou um pouco menos desfalcado, mas manteve a falta de vontade habitual. Edu se contundiu logo no início e ainda no primeiro tempo Ronaldo sofreu um estiramento na coxa em um lance no mínimo estranho.
Moradei e Souza entraram na partida e daí pra frente o time rendeu menos ainda. No segundo tempo, Escudero que já havia tomado o habitual cartão amarelo também se contundiu e deu lugar ao garoto Dodo.
Méritos no Coringão apenas para Defederico, que como disse a Yule, do blog do Corinthians na Globo.com não deve ter entendido as instruções para facilitar dadas em Potuguês. O Hermano correu, tocou, chutou, driblou o goleiro, perdeu o gol e foi o único que empolgou a Fiel.
O resto do time foi o retratado por Felipe na hora do pênalti que deu o segundo gol ao Flamengo, assistiram a partida sem nenhuma reação.
E agora falta apenas um jogo, apenas um e estaremos oficialmente com a cabeça em 2010.
Aguarde e confie.
Vai, Corinthians!

Veja os gols:

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domingo, 29 de novembro de 2009

Pré Jogo: Corinthians X Flamengo



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ㅤㅤCampeonato Brasileiro 2009 - 37ª Rodada
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- Ficha Técnica:
Data: 29/11/09 (Domingo)
Horário: 17h00 (Horário Brasileiro de Verão)
Local: Estádio Brinco de Ouro da Princesa
Cidade: Campinas - SP

- Arbitragem:
Árbitro: Evandro Rogério Roman (PR) - (FIFA)
Auxiliar 1: Alessandro Alvaro Rocha de Matos (BA) - (FIFA)
Auxiliar 2: Altermir Hausmann (RS) - (FIFA)

- Equipes prováveis:




CORINTHIANS
Felipe;
Jucilei, Chicão, Paulo André, Escudero;
Edu, Elias, Boquita;
Defederico, Jorge Henrique, Ronaldo


Téc. Mano Menezes





FLAMENGO
Bruno;
Leonardo Moura, Álvaro, Ronaldo Angelim, Juan;
Airton, Toró, Willians, Petkovic;
Zé Roberto, Bruno Mezenga


Téc. Andrade


- Atletas suspensos::
Nenhum

- Campanha do Timão:
Colocação: 10º
Jogos: 36
Vitórias: 13
Empates: 10
Derrotas: 13
Aproveitamento: 45%

Retrospecto do confronto:
Geral: 110 jogos, 42 vitórias, 23 empates, 45 derrotas, 172 gols pró, 182 gols contra.
Campeonato Brasileiro: 44 jogos, 15 vitórias, 13 empates, 18 derrotas, 56 gols pró, 69 gols contra.

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Prepare o seu coração: 2010 já começou - Parte 2

Salve, Nação!

Aconteceu hoje no Paraguai o primeiro passo da caminhada para a conquista da tão sonhada Libertadores da América: o sorteio dos grupos da primeira fase.
Como bom presságio o Timão é cabeça de chave do grupo 1 e por enquanto tem como adversário definido apenas o Cerro Porteño do Paraguai. Os outros dois componentes do grupos serão um time colombiano ainda não definido e o vencedor do confronto entre Racing do Uruguai e outro time da Colômbia.
Vale lembrar também que não teremos confrontos entre times brasileiros na primeira fase.
Na minha opinião os prós são: a dificuldade que esse grupo pode oferecer, exigindo mais do nosso time que chegará ao mata mata mais embalado e preparado, e a localização dos adversários que não requisitará que o Coringão, ainda em começo de temporada, faça viagens longas.
Como contras a possibilidade de ter no grupo dois times Colombianos que podem levar-nos a realizar dois jogos na tão temida altitude e também a diminuição de duas vagas para as oitavas de finais, haja vista, os dois times mexicanos retirados da competição no ano passado por conta da gripe suína já têm vaga garantida nessa fase.
Em todo caso eu sou mais Corinthians!
Acredito que passamos pela fase de grupo em primeiro lugar e que o time, somados os reforços que devem vir, evoluirá na competição naturalmente e que o intervalo de um mês por conta da Copa do Mundo dará o tempo necessário pro Mano aparar as arestas e voltar pra semifinal com um time jogando um futebol ainda melhor do que o que vimos no primeiro semestre desse ano.
E aí, meu amigo, eu quero ver quem segura.
Quem viver verá!
Vai, Corinthians!
Abaixo, o esquema completo da montagem dos grupos:


Clique na imagem para vê-la ampliada.

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Ganhar e perder, entregar jamais!


Salve, Nação!

Como sempre, o Coringão não precisa nem disputar o título pra ser o assunto do campeonato.
Dessa vez todas as atenções se voltaram para o chamado "Clássico das Nações" que acontece domingo em Campinas e pode muito bem definir o ganhador da competição.
O Flamengo, nosso adversário, é o segundo colocado da tabela e depende dessa vitória para manter vivo o sonho do título.
Tem "Corinthiano", com aspas mesmo, falando em facilitar o jogo pra atrapalhar os nossos rivais paulistas e os chorolados que conseguiram nossa inimizade pós Copa do Brasil.
Obviamente, essa parte da torcida, ou tem uma visão distorcida da realidade ou não sabe mesmo o que é Corinthians. Um time do tamanho do Todo Poderoso, como uma torcida maior que grande parte dos países do mundo, que nunca precisou de conversinha de bastidores e nem de mala de cor nenhuma pra ganhar nada, que conquistou tudo à base do sofrimento, não pode NUNCA pensar em favorecer outro clube ás custas de uma derrota.
Agora todo mundo ficou amiguinho. Flamendo vem com conversa de co-irmão, de time de massa, a porcada e os bambis, Paulistas e Sulistas, exaltam a grandeza do Corinthians e pedem seriedade e profissionalismo.
A receita pra esse jogo é simples, nação: entrar em campo e dar o melhor. É o último jogo como mandante em 2009, é um jogo comemorativo com as camisas que estampam fotos de torcedores, é uma chance pro fenômeno mostrar pra urubuzada que com ele não se brinca, é acima de tudo jogo do CORINTHIANS, e nós sabemos que não importa o campeonato, não importa o que vale, não precisa nem ser futebol, se tem Corinthians nós queremos vitória.
E se o Flamengo quer ser campeão, que entre com mais vontade, mostre um futebol melhor e faça-se merecedor do título, porque quando se enfrenta a camisa preta e branca mais pesada do mundo, nada fica fácil.
E podemos ficar tranquilos, independente do resultado da partida e de quem venha a ser o campeão, pode apostar que assim como no ano passado, depois de dois dias a diretoria anuncia os reforços pro centenário e o Coringão passe a ser a pauta de novo.
Até lá, vamos manter nossa postura de não sermos promísquos e não manter preferência por nenhum time que não seja o Corinthians Paulista e que ganhe o campeonato o time melhor, ou nesse caso, o menos pior.

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo VI)

Por Filipe Martins Gonçalves

Naquele dia em que o Corinthians recebeu seu Diploma, como um garoto esforçado que cumprira todas as etapas para “colar grau” e fazer parte do Futebol “oficial”, o Povo desceu a Avenida Ipiranga fazendo festa para continuar a festa no Bom Retiro noite adentro.

Foi das primeiras vezes que a cidade parou por causa do Corinthians.

A presença de clubes populares, e tudo o que foi mencionado no capítulo anterior, fez do campeonato de 1913 algo inédito.

O Futebol era esporte de elite e a presença de clubes como o Corinthians fazia os grã-finos e a imprensa da época torcerem o nariz.

O Americano, que havia ameaçado pular fora da disputa por conta da cisão, abrindo a vaga que fora pleiteada pelo próprio Corinthians, o fazia também por torcer o nariz para esses clubes populares.

A estranha presença de um clube recém fundado, o Santos, sem que tivesse passado pelo processo de disputas que o próprio Corinthians se vira obrigado a passar, também denota os métodos de escolha dos times na época.

Isso na Liga Paulista, pois a recém fundada Associação mantinha “imaculada” (pelo menos até então) a casta dos clubes de elite, em uma disputa apartada.

Naquele campeonato jogaram Corinthians, Ypiranga, Internacional, Germânia, Americano e Santos.

Havia muita expectativa por parte dos Corinthianos. Mas o que logo se descobriu é que o Futebol “oficial” não era o Futebol Varzeano.

Por mais amadorismo que se prezasse, apesar dos bichos pagos “em dia”, a coisa ali era mais séria. E no primeiro turno, de fato, a euforia logo foi contida. Os times mais experientes sapecaram goleadas nos novatos, mas ao contrário do Santos, o Corinthians não abandonou a disputa.

Ao findar o primeiro turno, as mudanças no Timão começaram a acontecer.

Foram promovidos do segundo para o primeiro quadro os dois primeiros ídolos do Clube.

Manuel Nunes e Amílcar Barbuy começaram uma nova série invicta do Corinthians Paulista, agora no Futebol “oficial”.

Depois que eles entraram no time, o Corinthians não perdeu mais.

Estes jovens vinham da Associação Atlética Botafogo. Já mencionamos anteriormente, mas o Botafogo da Várzea paulistana reunia os jogadores mais aguerridos, valentes e – trocando em miúdos – brigões que a Várzea poderia ver surgir. Eram os donos da Várzea do Carmo, terreno onde outrora o Tamanduateí se espalhava, quando era época de cheia.

O delegado Franklin de Toledo Piza, cujos filhos viriam a ser Corinthianos famosos, o que alimenta a lenda a seguir, foi quem ‘ajudou’ o pessoal do Botafogo a integrar os quadros do Corinthians. A fim de acabar com aquele ‘furdunço’, se é que poderíamos ser mais explícitos.

Mas, claro, o fôlego daquela molecada não se dobrava tão facilmente.

Todos eles jogariam em dobro; pelo Corinthians e pelo Botafogo, que só veio a fechar as portas em 1918, quando estes jogadores – todos já Corinthianos – alcançaram fama o suficiente para integrarem as seleções Paulista e Brasileira.

Outro fato curioso, que alimentava a fama de desordeiro do Botafogo e a estendeu ao próprio Corinthians, é que ali naquela Várzea era onde tradicionalmente as lavadeiras lavavam e estendiam lençóis e roupas, de dia, mas sobretudo, lugar ocupado pelo Povo, à noite.

Fazia-se saraus, serenatas e, no final das ladeiras do Centro, a boemia rolava solta.

Há relatos de mendicância, prostituição e bandidagem nas noites daquele espaço tão antigo quanto a própria Vila de Piratininga, que se tornou essa cidade-monstro, metrópole de todos os Povos.

Enfim, tanto o Botafogo quanto o Corinthians representavam justamente aquela gente, maioria na sociedade, muitas vezes desvalidas e que a elite não queria ver junto de si.

Isso explica todas as restrições impostas e os apelidos maldosos empregados ao Corinthians, inclusive nos jornais da época, descaradamente preconceituosos e elitistas.

Claro que não apenas o pessoal do Botafogo integrou o Corinthians, mas também de outros clubes da Várzea. O Ruggerone (de onde sairia posteriormente vários jogadores para integrar o Palestra Italia), o Domitila, O Aliança (da Várzea do Glicério) entre outros; gente que fora convencida pelo trabalho de formiga dos operários que fundaram o Clube do Povo, dia após dia, após o expediente.

Importantíssimo, mesmo, é frisar que os jogadores da Várzea costumavam jogar por um time de manhã e por outro à tarde, sem qualquer problema, sem qualquer implicância de ninguém.

Foi o Corinthians, portanto, ao alcançar o Futebol “oficial”, que restringiu a atuação desses jogadores. E em um movimento natural, criou o amor à camisa. Mas isto ficará para o próximo capítulo, posto que temos como provar com fatos tudo isto que estamos a dizer.

Feita esta digressão toda, explicativa porém não completa – e ainda voltaremos a isso tudo – devemos dizer que o campeonato de 1913 terminou para o Corinthians em um empate em 1 a 1 contra o então campeão, o Americano.

O outro campeonato, da Associação Paulista, em uma disputa entre três clubes, o Paulistano sairia campeão.

Mas o brio dos Corinthianos estava recomposto.

Amílcar e Neco principiavam a fama que faria deles os grandes jogadores das décadas de dez e vinte, nacional e internacionalmente dizendo. O Corinthians soube usar a lição imposta neste ano para, no ano seguinte, voltar muito mais forte, muito mais “em forma” para essa guerra do Futebol “oficial”, pois acostumado à peleja o Coringão já estava, e muito.

Para 1914, ambos os campeonatos sofreram remodelações. A Associação recrutava o Ypiranga, um tal Scottish Wanderers e, além dos três que disputaram o campeonato de 1913, entrou o São Bento (que não é o de Sorocaba), que no fim foi o campeão em cima do Paulistano.

A Liga, por sua vez, aceitava o Minas Gerais (aquele com quem o Coringão disputou a vaga), o Hidecroft (de Jundiaí), o Campos Elíseos (da Várzea) e o Lusitano, além do Internacional e do Germânia – que abandonou esse campeonato.

O Corinthians sagrou-se campeão invicto pela primeira vez em sua História, e Neco foi o artilheiro, numa campanha impecável.

Com isso tudo e com a festa que o Povo fazia pela cidade, quem antes torcia o nariz para o fato de o Corinthians estar alcançando isso tudo pôs as barbas de molho.

E começou a imaginar o que poderia fazer para conter aquilo, visto que os próprios clubes de elite principiavam a perder o posto na nova Associação que criaram – e que tentaram “inchar” para proporcionar maior valor à disputa.

O Corinthians, como Campeão, seria sondado para participar da Associação, para onde já haviam ido clubes da Liga, a exemplo do próprio Americano, e do Ypiranga, que foram “engolidos”.

E a história continua…

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Corinthians X Náutico: Faltam 2...


Na partida que marcou a despedida do Corinthians do estádio do Pacembu na temporada, a torcida alvinegra saiu frustrada. Com uma reação relâmpago nos minutos finais, o Náutico, com um homem a menos, venceu o Timão por 3 a 2, resultado que mantém o time vivo na luta para escapar do rebaixamento para a Série B.
Foi o quinto tropeço alvinegro no Pacaembu neste Campeonato Brasileiro. As outras derrotas foram para Internacional, Goiás, Cruzeiro e Atlético-PR.
Com a décima vitória, o Náutico subiu uma posição na tabela, saindo de 19º para 18º. O time segue dependendo de duas vitórias e uma combinação de resultados nas rodadas finais para se salvar. Já o Timão, que sofreu o seu 13º tropeço, estacionou na décima posição, com 49 pontos.

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sábado, 21 de novembro de 2009

Pré Jogo: Corinthians X Náutico


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Campeonato Brasileiro 2009 - 36ª Rodada
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Salve, Nação!

O Timão se despede do Paca em 2009 diante do virtual rebaixado Náutico pela antepenúltima rodada do Brasileirão.
O time vem mais desconfigurado do que nunca, com apenas 4 titulares, mas a volta do lateral Escudero promete.
Ronaldo, como prometido, está na partida e ao lado de Jorge Henrique é a esperança Corinthiana de conseguir a vitória e manda o falastrão Carlinhos Bala pro seu lugar de origem e direito: a segundona.
Vai, Corinthians!

- Ficha Técnica:
Data: 21/11/09 (Sábado)
Horário: 19h30 (Horário Brasileiro de Verão)
Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu)
Cidade: São Paulo - SP

- Arbitragem:
Árbitro: Alicio Pena Júnior (MG)
Auxiliar 1: Celso Luiz da Silva (MG)
Auxiliar 2: Marcus Vinicius Gomes (MG)

- Equipes prováveis:




CORINTHIANS
Rafael Santos;
Marcelinho, Diego, Paulo André, Escudero;
Boquita, Edu, Elias, Edno;
Jorge Henrique, Ronaldo


Téc. Mano Menezes


NÁUTICO
Gledson;
Patrick, Asprilla, Márcio, Anderson;
Nilson, Aílton, Juliano, Rudnei;
Bruno Mineiro, Carlinhos Bala


Téc. Geninho



- Atletas suspensos::
Defederico e Balbuena

- Campanha do Timão:
Colocação: 10º
Jogos: 35
Vitórias: 13
Empates: 10
Derrotas: 12
Aproveitamento: 46%

Retrospecto do confronto:
Geral: 21 jogos, 10 vitórias, 4 empates, 7 derrotas, 25 gols pró, 21 gols contra.
Campeonato Brasileiro: 15 jogos, 8 vitórias, 1 empate, 6 derrotas, 17 gols pró, 14 gols contra.

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Per Aspera Ad Astra: A história do mais querido do mundo (Capítulo V)

"Per aspera ad Astra"

Por Filipe Martins Gonçalves

A infância do Corinthians foi pontualmente ligada às figuras que fizeram acontecer o Clube do Povo. Não existiram mecenas, apenas seus sócios.
O Corinthians foi feito pedra por pedra. Desse começo, como já dissemos, não sobraram registros ou documentos históricos, a não ser objetos valiosos que podem ser admirados no Memorial do Corinthians Paulista – exercício Corinthianista que todos nós temos de fazer pelo menos uma vez na vida.

O Corinthians era sua incipiente multidão, que o seguia onde fosse.
Era o Campo do Lenheiro, os uniformes que se desgastavam a cada lavada, a primeira bola.
E a sala alugada, que continha a mesa de ping-pong (cuja gaveta servia de urna nas incessantes votações para tudo o que se fosse fazer), com algumas cadeiras e o armário para os troféus Varzeanos, que guardou também o primeiro troféu oficial do Clube.
Clube que não era “apenas” de futebol. O primeiro troféu foi conquistado em uma corrida de 10 quilômetros, no antigo Parque Antártica, no dia 29 de dezembro de 1912. Praticamente uma São Silvestre.
Batista Boni, João Collina e André Lepre foram os heróis da disputa do “troféu chamado Unione Viaggiatori Italiani. O Lepre, o Boni e o Collina também jogavam futebol , mas no dia  da corrida eles calçaram umas botinas elegantes como era moda e saíram com tudo. Quando a gente viu o Lepre na frente do resto da turma, seguido pelo Collina e pelo Boni, até esfregou os olhos para conferir se não era miragem. Não era. Pegamos a Taça e carregamos os três heróis nos ombros e, naquele dia – o Corinthians ainda nem estava na Liga Paulista disputando – , fizemos a maior festa no Bom Retiro e tomamos bastante cerveja e o Povo ficou feliz“. Este depoimento, do próprio Antonio Pereira, está no livro de Diaféria¹.
Pela primeira vez bordava-se o C e o P sobrepostos em uma camisa branca com gola e punhos pretos. O calção de saco de farinha havia sido recém-tingido de preto pela esposa² de João da Silva, da carteirinha número 9.
Antonio Pereira tinha a carteirinha número 2, mas já nesta época trocava com João. Sinal de reconhecimento por quem mais trabalhava pelo Clube. Pereira era ainda um rapaz, cuja carreira de pintor ainda engrenava no escritório de Ramos de Azevedo. Tinha seus vinte anos apenas e, dos Cinco Primeiros, aquele que inaugurou a idéia de Corinthianismo.
E foi tirando tocos e raízes de bambu no Campo do Lenheiro que fortaleceram o Clube. Gastavam as tardes livres, os fins de semana antes das partidas. Quando ganhavam um extra, os primeiros Corinthianos sabiam para onde mandar o dinheiro.
Foi assim com a inscrição no torneio de acesso da Liga; não havia 5 mil Réis em caixa. Um sócio chamado Caparelli surge, então, com o dinheiro emprestado do cunhado, muito feliz por ajudar seu Clube de Coração.
Desde o começo, para o Corinthians existir, foi preciso fazer das tripas coração.
A primeira bola foi adquirida por rateio, mas a segunda bola, dos outros quadros que o Corinthians tinha, foi presente, no começo de 1911, de um moleque de 16 anos, Manuel Nunes. Neco foi levado ao Clube, como se já não fizesse parte, por seu irmão mais velho, César Nunes, que figurou no Timão que alçou o Corinthians ao Futebol “oficial”.
Fui buscar o Casimiro do Amaral no Flor do Bom Retiro, onde ele jogava. Era português, como eu, um craque, excelente como pessoa e magnífico como jogador. Tinha um fôlego inesgotável e um coração bondoso. O tipo de center-half perfeito, o center-half naquela época tinha uma missão nobre, quase sempre era o líder do time, o capitão. O Casimiro do Amaral jogava bem em todas as posições, até no gol. Fui no Flor do Bom Retiro, falei com o Casimiro, ele era meu amigo. Propus que ele viesse para o Corinthians, em troca eu lhe ensinaria meu ofício de pintor. Topou. Aprendeu a pintar casas e o Corinthians ganhou um reforço. O Corinthians foi feito assim, pedra por pedra“¹.
Se este não for o mais explicativo depoimento do que estava sendo construído por aquele Povo do Bom Retiro, é ao menos um dos mais emblemáticos.
E ele começa, na verdade, assim; “Mas não era um clube só de Futebol. Mesmo quem não jogava bola ia à sede bater um ping-pong, se distrair com o tabuleiro de dama, dominó. A primeira taça de verdade, taça grande, de dar na vista, não tinha nada a ver com Futebol“¹.
Mas para a História do Futebol não há um Clube que seja crucial como é o Corinthians.
O Corinthians nasceu e cresceu na Várzea, como é sabido. As séries invictas, as excursões pelo interior, a multidão que o acompanhava, fizeram do Corinthians o Galo da Várzea. Isso já dizíamos nos capítulos anteriores.
Passemos, porém, ao período em que o Futebol amador “oficial” já vivia profundamente seu impasse.
Alguns clubes, mesmo de elite, não dispunham da verba que estava sendo destinada para a promoção do futebol. Já se podia observar que o tal amadorismo era passado. Jogadores recebiam o bicho e o clube que tivesse mais dinheiro em caixa aliciava os melhores jogadores.
Há a cisão do futebol paulista.
Que teve seu estopim no episódio em que o Paulistano, que cobrava 200 mil réis por jogo pelo campo do Velódromo, ficou esperando o time do Americano, que por sua vez seguiu a determinação da Liga Paulista e foi para o Pq. Antárctica, campo que custava 200 mil réis por mês.
Foi a gota d´água. A turma dita elitista, do Paulistano, do Mackenzie, fundou a Associação Paulista de Esportes Athleticos.
E à Liga coube a pecha de popular. Foi quando o Americano quis se retirar da Liga.
É nesse clima de salve-se quem puder, e atrás dessa vaga sobrando, que surge o Corinthians Paulista, daqueles bravos guerreiros que não recebiam mais que o reconhecimento daquela pequena massa que se formava em torno do Timão. Pelo contrário; para erguer o Corinthians se entregaram de corpo, alma, e por ele deram a própria vida.
É com a cara e a coragem, e também com os direitos de um time que jogava muita bola e que já tinha a credencial de Campeão Varzeano, que o Corinthians pleiteia essa vaga.
Mas o Americano que a detinha acaba dando o dito pelo não dito e volta atrás. Mais para não entregar a vaga de mão beijada a um Clube que carregava no peito a Várzea, além do fino trato com a Deusa Bola, que qualquer outra coisa.
O Corinthians, no entanto, não deixou barato, reivindicou sua vaga.
Então lhe prepararam uma arapuca. Teria de ganhar dois jogos preliminares, de acesso. Seria agora ou nunca mais.
O Corinthians já havia provado seu poderio no campo do Lenheiro, nas várzeas Paulistas afora. Poderiam vir os adversários do Pq. Antarctica ou do Velódromo, tanto fazia.
O Galo de Briga da Várzea era tratado como bicão, e os Guerreiros queriam mostrar que o Coringão faz a diferença.
A Liga poderia ter aceitado há muito tempo, e por merecimento, o Corinthians Paulista, campeão do futebol “não-oficial”, da Várzea.
Mas foi apenas em sua crise financeira que cogitou ceder a vaga que sobrou.
O Corinthians, que já levava consigo sua multidão, aceitou o desafio, naturalmente.
Em seu caminho foi posto um time chamado Minas Gerais Futebol Clube, do Brás, clube fundado no escritório da casa do Sr. Plínio Fonseca, presidente do clube e também capitão do time.
Era um bom time, bem armado, e era também a esperança daqueles que se debruçavam na cerca do Velódromo e chupavam laranja naquela tarde.
A vontade deles era a de que este tal de Minas Gerais acabasse com as pretensões dessa gente atrevida, “arraia-miúda”, esses operários, esse Povo.
Que passou a ocupar os mesmos espaços nas arquibancadas, também.
Foi a primeira das invasões Corinthianas.
Ali nasceu de vez a Fiel Torcida, e também o seu oposto: a anticorintianada.
O Corinthians entrava em campo de uniforme novinho em folha, adquiridos com esforço para a ocasião, para disputar a partida mais decisiva de sua juventude.
Bordou-se as iniciais nas novas camisas brancas, “C” e “P” sobrepostos. Uma dura batalha, e os onze guerreiros jogaram montados no cavalo branco da raça.
E lutaram tanto que o adversário não suportou. Um gol apenas fez o Velódromo estremecer pela primeira vez, de muitas vezes que viriam.
Mas faltava ainda um segundo adversário: o São Paulo Sport Club, do Bixiga.
Mas é a sina de clube que porta tal nome, e neste o Coringão enfiou quatro gols, liquidando o assunto, sem nenhuma contestação.
Quem piava maus agouros, agora tinha de aceitar.
O Corinthians ingressava na Liga por méritos próprios, e ganhou até um Diploma que “concede ao Sport Club Corinthians Paulista o direito de integrar a Divisão Principal da Liga Paulista de Futebol”.
 O futebol passou a ser de novo, e por direito, do Povo.
Que encheu o céu de rojões e fez uma Festa de arromba…

Os Guerreiros da Proeza Histórica:
Casimiro do Amaral, Fúlvio Benti e Casemiro Gonzalez; Francisco Police, Alfredo de Assis e Francisco Lepre; César Nunes, Antônio Peres, Luiz Fabi, Joaquim Rodrigues, Carmo Campanella.

¹”Coração Corinthiano”, Lourenço Diaféria, Capítulo XIII, págs 62-63.

² A esposa de João da Silva figurou na primeira Diretoria constituída, ao lado da irmã do Alfredo (e disso tudo sabemos pois quem disse isso ao Toninho de Almeida foi justamente Antonio Pereira), sem cargo específico, e nesses primeiros anos revezaram-se como bordadeiras e lavadeiras dos uniformes do Clube do Povo. Os nomes delas ainda são desconhecidos, ao menos por este que vos escreve.

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Avaí X Corinthians: Faltam 3...



Salve, Nação!
O ano já acabou mesmo, o time está desfalcado e desentrosado mesmo então nem vou me prolongar.
Jogamos mal, defesa desligada, meio campo sem criatividade, ataque ora sem a bola, ora sem pontaria. O resultado não poderia ser outro: vitória do arrumadinho time do Avaí, que NÃO vai pra Libertadores e precisa ser mais modesto ficando de acordo com o seu tamanho.
Mas pode ficar tranquilo, esse campeonato meia boca já está terminando e pode escrever que ótimas notícias virão depois dele.
Forte abraço!
Vai Corinthians!

Veja os gols:

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